sexta-feira, 7 de março de 2014

25 DE ABRIL (dia em que Freud abriu o seu primeiro consultório em Viena)

É de facto possível que eu esteja a ficar doente, mas como em todas as doenças convém fazer o diagnóstico, perceber a origem do problema, atacar o vírus. Ando a tentar curar-me, desligo-me o mais possível do mundo à minha volta, concentro-me na poesia, no cinema, na música, concentro-me nas artes, o melhor de se ser humano, e na natureza. Pelos vistos não chega. Perante mais uma notícia abjecta, que reitera o estado repugnante a que desceu a justiça portuguesa, há conterrâneos que se entretêm a discutir a remota possibilidade de Putin vir a ser Nobel da Paz. Assunto não nega assunto, óbvio. Porém, as opções de cada um tornam claras as prioridades. Portugal já não se endireita, o povo não está em sintonia, as suas prioridades dispersam-se por múltiplas preocupações que dão em nada. Resta a doentes como eu fazer como a avestruz ou os três macacos, na esperança que a doença fique, pelo menos, disfarçada. Exaltar-me para quê? Indignar-me para quê? Agir para quê? Mas imaginem se Mandela, e todos os demais mandelas anónimos tivessem pensado assim? 40 anos de democracia foram o suficiente para termos esquecido o Tarrafal e aqueles que presos, humilhados, torturados, pensaram de modo diferente. Para quê? Para que nós possamos pensar assim, calando pacífica e letargicamente a nossa raiva. Portanto, tomem lá poesia, tomem lá música, tomem lá cinema. Se não chegar, arranjem um baralho de cartas. Motivos para festa não hão-de faltar. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Estão a roubar o que o 25 de Abril prometeu.

Maria Eu disse...

Fosse um desgraçado e já tinha batido com os costados nos calabouços, nem que fosse por roubar uma côdea no LIDL!
Pois... Já "provei" da justiça Portuguesa e soube-me a amargo!