tag:blogger.com,1999:blog-56576091184651173152024-03-28T18:07:13.974+00:00antologia do esquecimentohmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.comBlogger6189125tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-60227113316987353012024-03-28T15:40:00.005+00:002024-03-28T15:40:19.492+00:00PARTIDO DO SISTEMA<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Nas últimas 48h, só não ficou claro a quem não quiser ver
o que é o partido anti-sistema que vai limpar Portugal. Propôs para a
Assembleia da República uma ex-PSD implicada no chamado Caso Tutti Frutti, um
ex-Aliança que não gosta de imigrantes excepto se for para apanhar espargos nas
suas propriedades e elegeu um ex-CDS. Não há partido mais enfiado no sistema do
que o Chega, enfiado no sistema de uma corrupção repleta deste refugo oriundo
de outros partidos dos quais se foram afastando por não conseguirem o poleiro
que pretendiam. Só a total e absoluta ignorância de muita gente permitiu que
chegássemos aqui, com um empurrão da Comunicação Social oportunista (o Chega
tem por detrás gente cheia de dinheiro que paga a publicidade) e uma oposição
inconsequente e mole.</span></div></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-15565548731876098662024-03-28T11:13:00.000+00:002024-03-28T15:41:32.814+00:00DE MÁ CONDIÇÃO<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr3EENBcEoe3jZlGS5KGdoWdYnLK-ikckybd9JNq4PahwnNLINz68MBqaPH3oO2cc1B6iYqjcJTZjP0XuvtYUWGtkqoSwAROfErOtge9cr6AAOF5VS7RWWyDxuPvLYDZy4tdXx1vexnA60cgyE2s7n-kILSmD5Jm64Rm8ovmwf4onTnMFdhd_aRyR232c/s1749/De%20M%C3%A1%20Condi%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1749" data-original-width="1749" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr3EENBcEoe3jZlGS5KGdoWdYnLK-ikckybd9JNq4PahwnNLINz68MBqaPH3oO2cc1B6iYqjcJTZjP0XuvtYUWGtkqoSwAROfErOtge9cr6AAOF5VS7RWWyDxuPvLYDZy4tdXx1vexnA60cgyE2s7n-kILSmD5Jm64Rm8ovmwf4onTnMFdhd_aRyR232c/w400-h400/De%20M%C3%A1%20Condi%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Calhou assim, não foi propositado. Chegou-nos ontem, Dia
Mundial da Árvore e da Poesia, este segundo volume da Colecção Insónia. O
primeiro foi "A Dança das Feridas". Esperámos 13 anos por ele, eu, a Maria
João Lopes Fernandes e o Pedro Serpa.<br /></span><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p><span style="font-family: arial;">Tal como aconteceu no passado, também deste volume não
farei apresentações públicas nem distribuição pelas livrarias. Trata-se de uma
edição única, minha e da Maria João - autora das pinturas na capa e no
interior, originais concebidos para este efeito -, que em nenhuma circunstância
deverá ser objecto de qualquer reedição.<br /></span><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p><span style="font-family: arial;">Quem tiver interesse num exemplar, poderá contactar-nos,
a mim ou à Maria João, por Messenger (Facebook, Instagram) ou email. O meu
email é fialho.henrique@gmail.com. O valor de capa, com portes incluídos, é 10€.
São 78 poemas e 9 reproduções de pinturas da Maria João Lopes Fernandes. O
design e a composição é do Pedro Serpa.<br /></span><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p><span style="font-family: arial;">Em memória de minha mãe, Clarisse Maria Tavares Bento.<br /> </span><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p><span style="font-family: arial;">Saúde.</span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-75333927056295947202024-03-27T11:21:00.003+00:002024-03-27T11:21:18.205+00:00DIA MUNDIAL DO TEATRO<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A mensagem do Dia Mundial do Teatro divulgada pelo
International Theatre Institute está muito bonita. É amorosa, querida, fofa,
podia ter sido escrita pelo José Tolentino Mendonça. Não foi. O autor chama-se
Jon Fosse, é norueguês, andou perdido pelo ateísmo mas a literatura salvou-o.
Ainda bem para ele. É tudo sublime, podia ser lido num discurso da miss mundo,
mas estes dois parágrafos, meu Deus, estes dois parágrafos dão-me a volta ao
coração como um cilício: «A arte, a boa arte, consegue combinar de um modo
maravilhoso o absolutamente único com o universal. Permite-nos compreender o
que é diferente — o que é estranho, se quiserem – como sendo universal. Ao
fazê-lo, a arte rompe fronteiras entre línguas, regiões geográficas, países.
Reúne não apenas as qualidades individuais de cada um, mas também, noutro
sentido, as características particulares de cada grupo de pessoas, por exemplo
de cada nação. / A arte consegue isto sem anular diferenças nem tornando tudo
igual, mas, pelo contrário, mostrando-nos o que é diferente de nós, o que é
estranho ou estrangeiro. Toda a boa arte encerra precisamente isto: algo
estranho, algo que não podemos compreender por completo e, ao mesmo tempo, de
certa forma, entendemos. Encerra um mistério, por assim dizer. Algo que nos
fascina e nos empurra para além dos nossos limites e, desse modo, gera a
transcendência que toda a arte deve encerrar em si conduzindo-nos a ela.» O planeta
sob emergência climática, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
definitivamente enterrada sob os escombros da Palestina, o Mediterrâneo
transformado num cemitério, a Ucrânia invadida sob ameaça nuclear, mas dêmos os
braços, cantemos o Kumbayá, corações ao alto, a transcendência é o caminho. Eu
cá prefiro suprimir a palavra transcendência do discurso, prefiro uma arte
atenta aos homens, sim, à sua diversidade, pois claro, mas que deixe a cada um,
sem o empurrar, para esses mundos salvíficos de sonho que as religiões
inventaram distraindo-nos da Terra. Se toda a boa arte encerra algo, a má não o
encerra menos, e isso não é estranho nem claro, não é inacessível nem
incompreensível, esse algo chama-se liberdade… a que a uns levará à
transcendência, a outros desbravará caminho entre os homens. Não atalhemos
caminho, por favor, que para nos conduzir nos ínvios caminhos do Senhor já
temos artistas que cheguem a dar missa ao domingo.</span></div></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-14630229603075800302024-03-26T18:26:00.004+00:002024-03-26T18:26:23.962+00:00TAPAR O SOL COM A PENEIRA<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIn0zVcnX8-ZfW3LaimTAHKElB26b3Ce5qn0jy_ztektCSLscadQ9F1HjaUtPGL37KjXI5JP1WtvoZEjeEQnsIxUQiCOnv1A8A2fU0_vJU0dwPyAUehzbMA4i0RaF0Lh5pLYlFzTXjcaPCJHJrew3tzhpqJy-vhAS755OFgqIBD0VKWABrSkFvKubb-Uw/s638/dn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="518" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIn0zVcnX8-ZfW3LaimTAHKElB26b3Ce5qn0jy_ztektCSLscadQ9F1HjaUtPGL37KjXI5JP1WtvoZEjeEQnsIxUQiCOnv1A8A2fU0_vJU0dwPyAUehzbMA4i0RaF0Lh5pLYlFzTXjcaPCJHJrew3tzhpqJy-vhAS755OFgqIBD0VKWABrSkFvKubb-Uw/w325-h400/dn.jpg" width="325" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A democracia não sabe defender-se dos seus inimigos. Até
quando vamos continuar a fingir que não se passa nada? Mais se acrescenta que
Marcelo tem sido a antítese do presidente laico de que a Constituição da
República Portuguesa precisa como de pão para a boca. A República é laica,
Marcelo foi e é um presidente católico com consequências desastrosas no
tratamento dos casos de pedofilia na Igreja Católica Apostólica Romana. Só por
isso, pelas figuras tristes que fez nesse domínio, estava mais do que justificada
a destituição. Os evangélicos tornaram o Brasil e os EUA numa teocracia, vão
penetrar na Europa com força e terão a sua Bíblia no Parlamento. Já têm, para
mal dos nossos pecados e para bem dos cofres deles.</span></p><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-56882732199138880782024-03-26T18:23:00.006+00:002024-03-26T18:23:47.311+00:00COMEÇOU O CIRCO<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Esperemos que o milhão de idiotas que
montou a tenda tenha muito a ganhar com esta palhaçada. Os restantes
aguentem-se, até ao número dos leões ainda há muito equilibrismo e
prestidigitação.</span></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-64644770187148953582024-03-24T13:38:00.005+00:002024-03-24T13:44:14.666+00:00VOX HUMANA<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiffEl_h7-upFC4D_gAXAgZ_6a3ARBY3-dzqv9hx4btJkJ_P61U4Xld0yslSn2av89ZRzV8SIkgEVHdlDEAYrkumIcnncFZw7gqpJn-mqGrPtn-6rvvpVfMJ4ZCfByh9hNa9PWYlnfkfP_ZtWlj26GAsjl7bEaJKkzPIr0SYXi5DyqW_3vr5aNvRvIBidI/s725/Vox%20Humana.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="543" data-original-width="725" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiffEl_h7-upFC4D_gAXAgZ_6a3ARBY3-dzqv9hx4btJkJ_P61U4Xld0yslSn2av89ZRzV8SIkgEVHdlDEAYrkumIcnncFZw7gqpJn-mqGrPtn-6rvvpVfMJ4ZCfByh9hNa9PWYlnfkfP_ZtWlj26GAsjl7bEaJKkzPIr0SYXi5DyqW_3vr5aNvRvIBidI/w400-h300/Vox%20Humana.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">Um livro surpreendente, é o mínimo que
pode ser dito acerca deste <b><i>“Vox Humana”</i></b> (Companhia das Ilhas, Março de 2024),
de Joaquim M. Palma (Vila Viçosa, 1952). O nome do Autor não será estranho a
quem conheça, por exemplo, <b><i>“O Eremita Viajante [haikus – obra completa]”</i></b>, de
Matsuo Bashô, tradução assinada pelo Autor de <b><i>“Doze Fronteiras”</i></b> (Documenta,
2020) e <b><i>“Impressões Insulares”</i></b> (Companhia das Ilhas, 2021), relatos de viagens
com um olhar perscrutador que o turismo de massas se vem encarregando de
aniquilar. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"> O ponto de partida de “Vox Humana” é a música, um vasto e distinto
reportório que oferece mote a cada um dos poemas. Pela relação de proximidade
com aquela que Confúcio considerava ser a mais elevada das artes, este é um
livro na linha de obras tais como <b><i>“Arte da Música”</i></b> (1968), de Jorge de
Sena, <b><i>“Música Antológica & Onze Cidades”</i></b> (1997), de Rui Pires Cabral (1967),
<b><i>“O Bosque Cintilante”</i></b> (2008), de Amadeu Baptistia (1953), ou <b><i>“Compositores
do Período Barroco”</i></b> (2013), de José Ricardo Nunes (1964), todos eles muito diferentes
entre si quanto a forma e conteúdo. Neste caso, a música apresenta-se enquanto
lugar de beleza, é uma
espécie de refúgio, mas não totalmente impermeável, alheio ou indiferente à
crueldade e à barbárie que vem tingindo os dias. É o facto de oferecer beleza
ao mundo, e de essa beleza poder ser acolhida pelo ouvinte, que torna ainda
mais óbvia a indigência moral dos homens imersos nos pântanos sociais, quotidianos, que nos surgem enquanto reverso do ritmo, da harmonia, das melodias que
suspendem a realidade abrindo caminho à quietude: «esta música é tudo o que
precisas / para chegares inteiro ao fim do dia» (p. 32). </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"> Curtos, amiudadamente aforísticos,
os poemas de Joaquim M. Palma percorrem os trilhos da história da humanidade,
lembram-nos factos reflectindo sobre eles, retirando dessas reflexões conclusões
que se nos apresentam como máximas sobre
temas tão diversos como o lugar do homem na natureza, o papel da religião, a
vida política, a guerra, a morte, etc.. Partindo invariavelmente do excerto de uma
canção, de uma ópera, de uma ária, o poema desenvolve-se e ganha forma autónoma sem se libertar por completo da sua raiz. É fruto de uma outra voz com a qual esta agora estabelece um elo inquebrável, não necessariamente acrítico. Um exemplo da página 121:<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"><i>“…ich mocht so gern nach Haus!…”</i><br /></span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">ILSE WEBER<br /></span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"><i>Ich Wandre durch Theresienstadt</i><br /></span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">Quando uma poeta é encerrada num campo
de<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">concentração nazi e escreve num papel
amarrotado<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">ah como eu gostaria de voltar a casa! e se
oferece para<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">morrer com as crianças que tem junto de
si (entoando<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">para elas uma canção de embalar enquanto
a câmara<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">se enche de gás), este escriba nascido
um decénio<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">após o holocausto não vai usar palavras
poéticas (nem<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">quaisquer outras) para falar sobre o assunto.
Porque de<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">tal é incapaz. Haverá alguém que o
consiga?<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"> São mais ou menos 270 páginas
de vozes a ressoar num coro tão heterogéneo quão problematizador da precariedade
humana no centro do cosmos. O panorama é abrangente, nele cabe «este nosso
rastejar reptiliano» (p. 83) exterminador do mundo natural, cabem oceanos de
lágrimas vertidas pelas mães dos filhos abatidos em guerras, cabe um «país
rural a mando de canalhas» (p. 102), cabem os deuses, humanos, demasiado
humanos, memórias de infância, a actualidade e suas variadas servidões, e cabe
a beleza rara e pura do que nos resgata de uma ideia de civilização erigida
sobre os escombros da Terra: «Escutando esta música, queremos lá saber da /
expectativa na salvação das almas ou na falta de confiança nos demais seres
humanos» (p. 173). </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"> Há, portanto, um louvor à música implícito nestes textos, um
elogio à música enquanto interrupção do fragor que nos acossa diariamente, esmagando-nos, sufocando-nos, conspurcando-nos. O fim para que tudo tende é o silêncio, encontro
com a paz reveladora «da não-acção» (p. 231). Parece-me claro que a sabedoria inerente a estes
textos, concebidos sob a forma de poemas, é devedora de fontes orientais por onde
o Autor-tradutor tem vogado com resultados para nós, leitores, impagáveis, mas
o que nela há que mais surpreende não é tanto a repercussão das raízes como
é o modo de ironizá-las, de as transportar para este nosso tempo requestionando
sem deslumbres a matéria de que somos feitos:<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"><i>“Why should men quarrel…?”</i><br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">HENRY PURCELL<br /></span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"><i>Why Should Men Quarrel?</i><br /></span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">Porque brigam os homens entre si<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">se isso alimenta e engorda<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">as sombras das suas cavernas?<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">Que se juntem numa clareira<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">todos os que adoram a violência<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">e se aniquilem mutuamente<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">até não restar um sequer.<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">E logo ali despontará o alvorecer<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">de uma nova civilização de homens bons<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">onde ninguém morrerá antes de ser velho<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">e tudo se cumprirá segundo a sagrada lei<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">da beleza<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">da alegria<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">e do nunca presente temor.<br /></span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: arial;"> <br /></span></o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;"><b>Joaquim M. Palma, in “Vox Humana”,
Companhia das Ilhas, Março de 2024, p. 214.</b></span></span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-10592521806920554632024-03-23T17:52:00.001+00:002024-03-28T18:06:13.600+00:00UM POEMA DE JOSÉ ANTÓNIO ALMEIDA<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu7UZo-yC8JMCvSZQATcnQlWC8MU3_J0baZXAD0erUc6LWMAPlzyP9Q7O1XF-TfeTvZlanK5HGJ6JK0sj0-R28PPkneKgVSnhIX9EV7ArrcHKg9c9lHpVc8qCpAeTUytETWZ2PtGjtEqX3PMbkiJmop0EbhiOisLDMwywkl9vTk6TQA_t-rVPBgWNeH5U/s544/Jos%C3%A9%20Ant%C3%B3nio%20Almeida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="544" data-original-width="406" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu7UZo-yC8JMCvSZQATcnQlWC8MU3_J0baZXAD0erUc6LWMAPlzyP9Q7O1XF-TfeTvZlanK5HGJ6JK0sj0-R28PPkneKgVSnhIX9EV7ArrcHKg9c9lHpVc8qCpAeTUytETWZ2PtGjtEqX3PMbkiJmop0EbhiOisLDMwywkl9vTk6TQA_t-rVPBgWNeH5U/w299-h400/Jos%C3%A9%20Ant%C3%B3nio%20Almeida.jpg" width="299" /></a></div><br /><p></p><div style="text-align: left;"><b>NA NOITE DO PEQUENO BAR INFAME</b></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><i>«O leitinho na cama quer o gato.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Mas não tires comida do meu prato.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Até os cães fornicam com mais ética</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>o corpo de outros cães, se necessitam.»</i></div><div style="text-align: left;"><i>Isso foi da primeira. Não bastou</i></div><div style="text-align: left;"><i>esse aviso. Outra vez tentou a sorte</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>— o réptil que julgavas teu amigo.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Na noite do pequeno bar infame,</i></div><div style="text-align: left;"><i>tencionou a fortuna desse amor</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>roubar-te. Porém, erro cometeste:</i></div><div style="text-align: left;"><i>era cobra, não viste a língua bífida.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Mas depois — deixa lá — nem conseguiu</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>por artimanha vil obter o outro.</i></div><div style="text-align: left;"><i>O homem por inveja cobiçado</i></div><div style="text-align: left;"><i>revelou do vilão toda a mentira</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>— e mais amor e prémio o tempo trouxe.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Desdémona — feliz — com negro Otelo:</i></div><div style="text-align: left;"><i>um cigano romeno de passagem</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>— de etária diferença, vinte e cinco</i></div><div style="text-align: left;"><i>sem qualquer dano ou défice na cama.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Invertido o triunfo da perfídia</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>— tanto quanto, na vila, as circunstâncias</i></div><div style="text-align: left;"><i>consentiram ditosos esses meses.</i></div><div style="text-align: left;"><i>E calada — de vez — a velha hiena.</i></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>José António Almeida, in <i>O Sermão de Noé Dentro da Arca e Outros Poemas</i>, não (edições), Outubro de 2023, pp. 37-38.</b></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p><div style="text-align: left;"><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p></div><div style="text-align: left;"><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p><div style="text-align: left;"><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-41926600047097647632024-03-22T10:28:00.001+00:002024-03-27T10:29:06.589+00:00ESPERANÇA<div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: arial;"><br />Temos de erradicar a palavra esperança do discurso
político. A fé na religião e a esperança na política desviam-nos do que é
verdadeiramente importante, a vontade de transformar, de mudar, de reformar,
enfim de revolucionar. Estas são consequências da vontade, nunca da esperança,
jamais da fé.</span></div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-33327172467955927462024-03-21T12:23:00.001+00:002024-03-22T12:24:08.037+00:00PENSÃO DE ALIMENTOS<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Quitéria concorda com Ventura, acabou a mama do
<i>bipartidarismo</i>. Está na hora da mama dos <i>ex</i>. Dos ex-PSD, dos ex-CDS, dos ex-PS.
Os <i>ex</i> também têm direito a mama, toca a mamar. Estas eleições vieram resolver
muitos divórcios litigiosos, são a pensão de alimentos de ex-cônjuges do arco
da governação.</span></div></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-60035539325535458472024-03-21T11:53:00.000+00:002024-03-23T11:55:04.525+00:00EM DÍVIDA PERPÉTUA<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Quitéria vai começar a enviar e-mails diários para as
redacções das televisões solicitando entrevistas ao Dr. Ventura sobre os mais
diversos problemas, angústias, temas, assuntos, preocupações, dilemas, da
actualidade. Por exemplo, o que tem a dizer sobre as poeiras de África? E sobre
as poeiras nos esgotos do Norte? E sobre a performance da selecção nacional de
futebol? E sobre o novo videoclipe da Maria Leal? E sobre a gama de produtos do
Lidl? E sobre o cabelo grisalho de Lucília Gago? E sobre o meteorito de 14
quilos que caiu num quintal sueco? E sobre os postais do dia do Osório? E sobre
a tapeçaria portuguesa que decora as paredes das Nações Unidas? E sobre a
Iasmim do Big Brother? E sobre a crise no casamento de Ana Barbosa? E sobre as
mulheres desaparecidas na zona de Ovar? E sobre o destino a dar aos cães dessas
mulheres? E sobre a Adidas ter fotografado um modelo masculino num fato de
banho da sua colecção para "homenagear a comunidade LGBTQIA+? É muito
importante saber a opinião de sua excelência sobre estas e outras intrincadas
questões da nossa actualidade. Senhores jornalistas, acordem antes que seja
tarde. Já estamos muito gratos pelo vosso trabalho, queremos ficar ainda mais.
Em dívida perpétua.</span></div></div><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-32984356945941054352024-03-20T10:01:00.004+00:002024-03-20T10:01:26.600+00:00QUE LUZ ESTARIAS A LER?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh08H3iq6xTOGRI7CjurKfAq9uiQl8hew9mLGgV2Iy3e9m89JavLY1gfPWE_VRcgVlQGMvpwVqAosk-yicOAYx_oW23QUbhyphenhyphenMuGV42pDsncDwSxk5aeWZOM0dm6kyak-Ehrs_52K1Itg_20wPzmXPZ1sOdmZrrv2rYveZnhtJk3dUS3zYfG4vinWPAk2U/s2048/Biscaia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh08H3iq6xTOGRI7CjurKfAq9uiQl8hew9mLGgV2Iy3e9m89JavLY1gfPWE_VRcgVlQGMvpwVqAosk-yicOAYx_oW23QUbhyphenhyphenMuGV42pDsncDwSxk5aeWZOM0dm6kyak-Ehrs_52K1Itg_20wPzmXPZ1sOdmZrrv2rYveZnhtJk3dUS3zYfG4vinWPAk2U/w400-h300/Biscaia.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Kalil gostava de livros. Quando lia histórias,
dizia, era como se deixasse de ouvir os estrondos, os tiros, os gritos ao
longe, as sirenes. Era como se uma luz se acendesse no coração do escuro."</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;"><b>João Pedro Mésseder (texto) e Ana Biscaia (ilustração),
in <i>"Que luz estarias a ler?"</i>, Xerefé Edições, Coimbra, 3.ª edição,
2017.</b></div></span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-61161000708810573142024-03-19T16:35:00.001+00:002024-03-20T16:36:01.112+00:00EU CONHEÇO-OS<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> <br />Eu conheço-os, sei quem são, sentei-me à mesa com eles,
vimos a bola juntos, frequentamos os mesmos cafés, cruzamo-nos na rua, sim, eu
sei, são primos, gente chegada, até amigos, de outrora, de agora, cheios de
raiva, consumidos pelas frustrações pessoais, explorados em empregos de merda,
na loja do <i>shopping</i>, sim, onde foram parar com currículos medíocres depois de
uma vida inteira a cuspir nos livros, ler para quê, estudar para quê, pois se
até os professores são infelizes, sim, têm irmãos que queimaram as pestanas
para acabarem como caixas de supermercados, parvalhões, mais valia terem
emigrado, arranjavam um trabalho de merda na Suíça a ganharem o dobro ou o
triplo do que ganham cá, a limpar a merda dos outros, a servir à mesa, a
apanhar batatas, a fazer camas nos ferries, a ladrilhar o chão que alguém há-de
pisar, cá não, isso é para os monhés, que o trabalho é bom para o preto e eu
sou filho de boa gente, até fui baptizado, cá a gente arranja amigos, mete uma
cunha, dedica-se à sucata, constrói uma vivenda a fugir aos impostos e faz uma
piscina com os fundos sacados ao Estado, que Deus Nosso Senhor mandou-nos ser
bons mas não mandou ser parvos, cá a gente glorifica os carvalhos e os vieiras
e os berardos, frequentamos as quintas de uns e as sextas dos outros,
arranjamos um bom partido e adoramos o senhor doutor, o senhor engenheiro, até
que caiam na desgraça e se afundem para nosso espanto, quem diria, tão boas
pessoas, amigos de seus amigos, isto, enfim, uma pessoa já nem sabe com o que
pode contar, e siga, um Mercedes para exibir na aldeia, uma moto quatro para
entreter os fins-de-semana, férias no Algarve, mariscadas, bola e toiros e Quim
Barreiros, tasquinhas, feiras medievais e passadiços, uma paisagem deslumbrante
no miradouro com balancé panorâmico e faz-se a festa, que à noite temos novo
episódio do Quem quer casar com o agricultor?, e temos a Cristina e o Goucha e
a CMTV com um desfile de crimes para entreter as horas a destilar o ódio aos
pretos, aos ciganos, que isto já não se pode andar na rua, não fossem os
bombeiros e a polícia o que seria de nós, de nós e da Mónica Silva,
desaparecida para encher noticiários, a nossa telenovela da vida real, sim, eu
sei, isto aqui está tudo bem, são vidas, ai que gente, e ele é o macaco, golo,
ele é o Pinto da Costa, um senhor, até diz poemas de cor, ele são 25 mulheres
assassinadas, enfim, algumas, eh pá, eu não sou machista, mas algumas estavam a
pedi-las, eu não sou racista, até tenho amigos, pronto, assim pretos, não é,
que isto cada um é como cada qual, entre marido e mulher não metas a colher,
vai para a tua terra, a minha terra é aqui, é isto, eu sei, tanto Abril, tanta
educação, somos os melhores na bola, o Mourinho já deu o que tinha a dar, o
Ronaldo já deu o que tinha a dar, venha daí um novo Salazar, um em cada
esquina, que este país está a precisar é de um novo 25 de Abril com um Salazar
em cada esquina, para acabar com os corruptos, os outros, não eu, que eu sou
bom tipo, não faço mal nem a uma mosca, não me meto em esquemas nem conheço
quem meta, não sei, não vi, não ouvi, isso não é comigo, não tenho nada que ver
com isso, deixem-me em paz, deixem-me em paz antes que parta esta merda toda, agora
nem casa tenho, vou comer pizza, vou para fora, vou para fora cá dentro, vou
ver o RAP, vou, sei lá, comer uma bifana e arrotar postas de pescada.</span></div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-14718869618766282442024-03-18T17:55:00.003+00:002024-03-18T17:55:48.884+00:00ANTÓNIO AMARGO. QUEM?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZildA1xf0KKLnDi576mCMPAmZZ207Eyhyphenhyphenp99Eo6QMLgakGdllVpMM07ZsvQfft7hJonkfcMHnIYMuq5m2t8nsvu-3TUJQgWQ9mSiGFw4W8PZCb_mtOP-dk3E1xZsf0Hwuo8gv7y8r7Tvl8Xb0Zh4aHp6BSP42nGRzrKeAKZK4PH7SEpccWEcqkfv-bxw/s4000/20240318_170749.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZildA1xf0KKLnDi576mCMPAmZZ207Eyhyphenhyphenp99Eo6QMLgakGdllVpMM07ZsvQfft7hJonkfcMHnIYMuq5m2t8nsvu-3TUJQgWQ9mSiGFw4W8PZCb_mtOP-dk3E1xZsf0Hwuo8gv7y8r7Tvl8Xb0Zh4aHp6BSP42nGRzrKeAKZK4PH7SEpccWEcqkfv-bxw/w400-h300/20240318_170749.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">António Amargo, pseudónimo de
António Correia Pinto de Almeida (Figueira da Foz, 1886 – Lisboa, 1933), foi um
jornalista, escritor e poeta satírico cuja pena afiada verteu sangue pelas
páginas do jornal Gazeta da Figueira, A Capital e Imprensa da Manhã.
Colaborador do jornal humorístico Palhinhas, que surgiu em 1915 na Figueira da Foz,
escreveu letras para Alfredo Marceneiro, parodiou <i>Os Lusíadas</i> em <i>Republicaníadas</i>
(1913) e deu à estampa uns <i>Sonetos Minero-Metálicos</i> (1917) que são hoje
referência do futurismo português. No livro <b><i>António Amargo. Quem?</i></b> (Xerefé, 201),
Ana Biscaia coligiu um pouco de cada uma destas vertentes do autor, ilustradas
pelos traços de André Ruivo, Marta Madureira, Rita Carvalho e Sebastião
Peixoto. Volume exemplar, quer pelo design impecável, quer pelo trabalho de
recuperação de um autor que conserva, a despeito de referências aqui e acolá
datadas, uma pertinência atroz:<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;"><b>A NOSSA SITUAÇÃO</b></div></o:p><o:p> <br /></o:p><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i>Estamos positivamente em calmaria podre…<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao tranquilo e azulino lago que se chama
Portugal, mal chega o rumor da procela que se desencadeou ferozmente na Europa,
apenas chegam os rugidos longínquos dessa tempestade funesta, provocada não
pelo furor dos elementos, mas pela fúria dos povos e pela insânia dos
governantes.<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No nosso risonho país continua-se a respirar
o ar puro, embalsamado ainda pelos mil aromas primaveris, que a canícula não
secou de todo; e lá ao longe a atmosfera, carregada do cheiro do sangue e
impregnada do perfume denso da pólvora, tornou-se quase irrespirável, ameaça
asfixiar as ânsias de liberdade, agrilhoada à disciplina militar, que manda ir
matar em nome da civilização e à ordem dum ambicioso.<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nós agora, apertados uns contra os outros
neste dourado rincão privilegiado, nem sequer vivemos a nossa própria vida: o
nosso corpo continua vegetando aqui, dentro das fronteiras; mas a alma paira
além, no teatro da guerra, a imaginação adeja sobre esse tremendo vulcão aberto
subitamente no centro da Europa. É lá, nos campos da Bélgica, nas planícies
fecundas do mar do Norte ou nas ondas serenas do Mediterrâneo, nas cumeadas dos
Vosges ou nas fronteiras da Polónia, nas terras simpáticas da Alsácia ou na
pequenez heróica da Sérvia, que nós vivemos a nossa vida espiritual, a nossa
verdadeira vida, que é aquela que se vive com o sentimento e com o coração!<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acima dos terríveis </i>zepelins<i> e dos ágeis e
arrojados aeroplanos, voa também o aeroplano da nossa fantasia, revendo
batalhas cruentas, reconhecimentos audaciosos, marchas e contra marchas
estratégicas, e ouvindo o rugido tonitruante do canhão que se casa com o
estalido dos fuzis e com os estertores dos que caem aqui e ali para não mais se
levantar, e que levarão talvez nos lábios uma imprecação contra a civilização
que os obriga a morrer, quando lhes sorria ainda tão fagueira a existência!<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enlevados nesta fantasia vivendo lá mesmo
nos campos de operações, e assistindo ao desenrolar das peripécias dessa luta
de titãs embrutecidos, deixámos de viver a nossa vida caseira e de compadrio,
tão caracteristicamente nossa. Tal, que ontem reendireitava as finanças
nacionais, dá hoje às suculentas lições de táctica militar; aquele, que na
véspera, se fosse governo, salvava a Pátria, agora, se fosse general, tomava
Liége como quem em dias quentes toma um capilé gelado; esse outro, que era
capaz de mostrar aos nossos dirigentes o caminho único a seguir, ensina hoje
aos </i>aliados<i> o caminho fácil de Berlim; aquele outro ainda, vence uma poderosa
esquadra alemã no mar do Norte com a mesma certeza com que dois dias antes se
propunha vencer uma eleição.<br /> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ninguém pensa em si, ninguém cuida de nós:
todos à uma, cá desta sossegada </i>geral<i> da plateia europeia, só temos ouvidos e
olhos para ouvir e ver o que se passa no grande palco sangrento e improvisado.<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estamos, pois, em calmaria podre…<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enquanto lá fora rolam as vagas alterosas e
vocifera terrível a tormenta, cá dentro, neste remanso bendito, é tanta a
clama, que até se suspendeu a vida própria para viver a vida alheia!...<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Triste missão, a do jornal de província, que
tem que sair bi-semanalmente… sem ter que dizer!<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Falta-nos a matéria-prima, a má-língua, a
discussão, a polémica… estamos desarmados.<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Que os leitores, absorvendo dia a dia o
capitoso e violento licor dos </i>colossos<i> bem informados, nos perdoem esta
chavenazinha de chá fraco que lhe enviamos a casa todas as quartas e sábados.<br /><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Servirá ao menos para lhes desgastar o
estômago das apimentadas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>comidas da
guerra…</i><br /><o:p> <br /><div style="text-align: right;"><b>In Gazeta da Figueira, Agosto
de 1914.</b></div></o:p></span></div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><br /><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-17156389976475716042024-03-18T10:27:00.002+00:002024-03-18T10:27:10.715+00:00TEASER<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Não se preocupem, está tudo bem. É só mais um <i>teaser</i> para
o filme "Guerra Civil", de Alex Garland:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">«O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato
Republicano à Casa Branca Donald Trump previu este sábado que haverá um “banho
de sangue” no país se perder as eleições presidenciais de novembro contra o
atual presidente, o Democrata Joe Biden.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">“Se eu não for eleito, vai haver um banho de sangue. Vai
ser um banho de sangue para o país”, disse Trump durante um comício no Ohio, o
seu primeiro desde que atingiu os números necessários para se tornar o
candidato Republicano à Casa Branca, na terça-feira.»<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;"><span style="font-family: arial;">Vem no <i>Expresso</i>.</span><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-59371550673641276812024-03-17T09:51:00.001+00:002024-03-18T10:04:12.496+00:00NUNO JÚDICE (1949-2024)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1iScrwy0hUOCQ-EBRgqRinoFsTIKgRNgmZEbCoDOLVPO3x8hMVWCokDhE3LgosT_jya_8ZuX1oHg4hZrIUw1vO2n4nPU-AVQR2VfL4BBSct8NN02qOE0Mdg5Oiv7oHA1mGoow61UhZqxLoonXtBda7WNxMugZvDrE4G7aR6Sr7ltM59RKahQpwbZ8l1s/s1851/Nuno%20J%C3%BAdice.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1388" data-original-width="1851" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1iScrwy0hUOCQ-EBRgqRinoFsTIKgRNgmZEbCoDOLVPO3x8hMVWCokDhE3LgosT_jya_8ZuX1oHg4hZrIUw1vO2n4nPU-AVQR2VfL4BBSct8NN02qOE0Mdg5Oiv7oHA1mGoow61UhZqxLoonXtBda7WNxMugZvDrE4G7aR6Sr7ltM59RKahQpwbZ8l1s/w400-h300/Nuno%20J%C3%BAdice.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>OUTRA IMAGEM</b></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></div></o:p><i><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Conheço o mundo dos mortos. É frio, com terra</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">por cima, restos de tábuas, ossos desfeitos pelos
invernos.</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Os mortos vêem-nos: de onde estão, eles chamam pelos
nomes</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">familiares, num murmúrio, e o vento dispersa-lhes os
sopros</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">— música de ciprestes. Por isso, há quem anda entre as
campas,</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">ao fim da tarde, com os ouvidos tapados; quem reze,</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">entre lábios, datas estéreis como as antigas pedras;</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">quem persiga a própria sombra, temendo que ela desapareça</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">sob a erva fresca. Memórias vagas e finais,
atormentando-me</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">num secreto espelho — no canto de mim, absorto</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">e pálido, quem me diz o nome, em silêncio, sem olhos,</div></span></i><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;"><i>sem lábios, sem os cabelos que outrora toquei?</i></div> </span><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></div></o:p><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;"><b>Nuno Júdice, do livro <i>Lira de Líquen</i> (1985), in <i>Obra
Poética (1972 – 1985)</i>, Quetzal Editores, 1991, p. 294.</b></div></span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-87193652220326849342024-03-17T09:45:00.001+00:002024-03-18T09:46:34.773+00:00PANDEMIA<div style="text-align: justify;"> <br /><span style="font-family: arial;">Quitéria recuperou as máscaras cirúrgicas para andar na rua
e voltou a cumprir o distanciamento social de 1,5 metros. Diz que anda por aí
um novo coronavírus chamado chegavid-24. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-58544242487864990072024-03-16T22:21:00.011+00:002024-03-16T22:21:49.818+00:00PARA LER NA ÍNTEGRA<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Há hoje várias indústrias a funcionar no contínuo
político-mediático — ou seja, políticos, jornalistas, “jornalismo” politizado,
porta-voz de interesses e políticas, jornalistas-comentadores e comentadores —,
das quais saliento três com grandes fábricas: a indústria de lugares-comuns, a
indústria do tomar à letra, e a indústria das contradições. Depois, tudo é
amplificado pelo rebanho ou pela matilha, depende das simpatias do bicho, que
pode ser ovelha ou ser lobo. O contexto, a atmosfera, a ecologia é do crescente
investimento num jornalismo politizado, que começa de manhã, depois circula o
dia todo nas rádios e televisões e, por muito que isso indigne os próprios, é
hoje maioritariamente, e muito, de direita. Quando há gente do PS, são os PS
fofinhos que estão sempre prontos para querer aquilo que é, no seu entender,
“moderação” com a direita.</i></span></p><p class="MsoNoSpacing"><span style="font-family: arial;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">(...)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>A politização do jornalismo nem sempre é resultado da
volição política do jornalista; pode ser um efeito do rebanho ou da alcateia,
mas é hoje tão comum que ninguém diz “Pára aí” ou “O rei vai nu”. A profunda
identidade entre os relatos jornalísticos e a agenda da direita foi evidente
quanto à “crise dos serviços públicos”. Significa que houve “crise”? Sem
dúvida, mas teve o alcance dramático com que se relatou? Não. Usaram-se muitas
vezes casos pontuais para “alimentar”, dia após dia, a ideia da “crise”? Sim.
As estatísticas mais sérias e sólidas confirmavam a agudeza da “crise”? Não.
Esteve sempre presente a ideia às claras ou subliminar de que a “crise” se
devia à “ideologia estatista” contra os privados? Claro que esteve, é aí que os
jornalistas politizados saem do seu casulo matinal para disseminar as suas
posições políticas como comentadores e que, se fosse num país anglo-saxónico,
se identificariam como apoiantes de A ou B, para que o que dizem trouxesse a
tão falada transparência. E muitos dados pertinentes, como seja a comparação
entre os tempos de espera dos hospitais privados e os públicos, nunca tiveram
nenhum papel na “informação”.</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>Excelente artigo de José Pacheco Pereira, no <i>Público</i>.</b></span></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-57053716758531112642024-03-16T22:18:00.004+00:002024-03-16T22:18:47.976+00:00DOIS POEMAS DE HART CRANE<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYaDIPk24IMqLB9X1h2mwRK7u0xAV63ixyfcyud3-iyyPUxvfaUpPjsF5s0jVKrf2ctJZswhi3zXAHIwY5u4CRWOIvfSu8vtka9Mgq33wE-RkNy-cH3SD6CAwVj-tNJ-Gjc_CW0s2x_-X5qcW48xNfrTfIlXLaPECND0GVEeWBEInXtdSceEOOjBx3RuM/s552/HArt%20Crane.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="370" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYaDIPk24IMqLB9X1h2mwRK7u0xAV63ixyfcyud3-iyyPUxvfaUpPjsF5s0jVKrf2ctJZswhi3zXAHIwY5u4CRWOIvfSu8vtka9Mgq33wE-RkNy-cH3SD6CAwVj-tNJ-Gjc_CW0s2x_-X5qcW48xNfrTfIlXLaPECND0GVEeWBEInXtdSceEOOjBx3RuM/w268-h400/HArt%20Crane.jpg" width="268" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>AS CARTAS DE AMOR DA MINHA AVÓ MATERNA</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;"><i>Esta noite não há estrelas</i></div><div style="text-align: justify;"><i>além das da memória.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Porém, quanto espaço resta para a memória</i></div><div style="text-align: justify;"><i>no espartilho da chuva suave?</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Ainda resta espaço suficiente</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Para as cartas da mãe de minha mãe,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Elizabeth,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Há tanto comprimidas</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Num canto do telhado</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Que ficaram castanhas e moles,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Passíveis de derreter como a neve.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Sobre a grandeza de tal lugar</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Os passos devem ser gentis.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Tudo está preso por um cabelo branco invisível.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Treme como galhos de bétula tecendo o ar.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>E eu pergunto-me:</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>“São os teus dedos suficientemente compridos</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Para tocar velhas teclas que não passam de ecos:</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Será o silêncio suficientemente forte</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Para devolver a música à sua raiz</i></div><div style="text-align: justify;"><i>E trazê-la de novo para ti</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Como se fosse para ela?”</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>No entanto, levaria minha avó pela mão</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Através do muito que ela não entenderia;</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Então tropeço. E a chuva continua no telhado</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Soando como um riso gentilmente piedoso.</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">*</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>HIEROGLÍFICO</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>Alguém olhou para o que viu</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Ou alguém viu o que olhou?</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Hart Crane, in "The Complete Poems of Hart Crane -
The Centennial Edition", introduction by Harold Bloom, edited by Marc
Simon, Liveright, 2000, p. 189. Versões de HMBF.</b></div></span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-15296065151004587572024-03-15T22:19:00.001+00:002024-03-16T22:20:08.209+00:00O PROBLEMA<div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: arial;"><br />Quitéria, a cigana, diz que o problema dos comunistas é
terem deixado de ser revolucionários, ao mesmo tempo que o problema dos
revolucionários é terem deixado de ser comunistas.</span></div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-31370974785624476742024-03-15T13:05:00.001+00:002024-03-15T13:05:39.587+00:00DIZ ANTÓNIO GUERREIRO<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">(…)</span></p>
<p class="MsoNoSpacing"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Há mais de um milhão de pobres e excluídos racistas e
xenófobos? É muito fácil perceber que, potencialmente (e essa classificação
apenas com base no sentido de voto não é legítima nem correcta), há certamente
ainda muitos mais. Não por convicção ideológica racionalizada, mas porque
habitam no interior de uma cultura que promove a condição de possibilidade do
extremismo político.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>No interior do Alentejo (para me ater à experiência pessoal), o racismo contra
os ciganos só tem paralelo com os guetos dos judeus sob as leis raciais do
nazismo. É um racismo sem pudor nem censura social e que exige que eles se
integrem ao mesmo tempo que os considera não-integráveis. Esta “fobia” não
procura razões históricas e sociais: faz do “eterno” cigano, como outrora o
eterno judeu, um indivíduo que, por motivos “raciais” e por enraizamento mítico
a uma cultura da segregação, é um pária.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Esta nova pobreza eminentemente cultural tem um enorme poder de difusão. O seu
modelo não é compatível com uma consciência de classe. Para haver uma “classe”
é preciso que intervenha este factor: a solidariedade. Só através da
solidariedade a consciência de classe se torna activa e faz com que aquilo que
era pura e simplesmente uma massa, uma multidão gregária, passe a ser uma
classe. Ora, o que os indivíduos que fazem parte desta massa têm em comum são
os interesses privados. E, no fundo, eles não concebem a cidadania senão
segundo o modelo do cidadão-painelista, produtor e consumidor de bens e
serviços sociopolíticos.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Não, estes novos pobres, na sua maioria, não têm nada em comum com os antigos
“pobrezinhos” nem com uma cultura popular, e só por altura de eleições é que se
tornam politicamente representáveis. No resto do tempo são a realização
concreta e definitiva da mediocridade, do estilo de vida mais contagioso e
exportável.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i><br /></i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Público</i>, 15 de Março de 2024.</span></div>
<!--[endif]--><o:p></o:p><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-42674800505343316362024-03-14T11:16:00.004+00:002024-03-14T11:16:52.294+00:00BANDALHEIRA<p style="text-align: justify;">TikTok em risco nos Estados Unidos, é a notícia. Vamos
ter cada vez mais vezes notícias destas, a pressão é imensa, a panela já
rebentou e a sujidade espalha-se por todo o lado. Por cá, perguntemo-nos
quantas pessoas já foram condenadas pela propagação de discurso de ódio?
Quantos elementos do Movimento Zero, devidamente identificados, foram julgados
e expulsos das forças policiais por comportamento indevido? Porque pode ser
eleito deputado alguém que passa a vida a propagar mentiras e falsidades, em
alguns casos até com condenações efectivas por difamação e afins? A democracia
não tem sabido defender-se. A bandalheira de que se fala, e para a qual mais
contribui quem dela fala, não tem sido devidamente e implacavelmente tratada.
Precisamos de uma democracia impermeável ao ódio, à falsidade, não dá para ser
meigo nestas matérias. É trágico que tenhamos chegado onde chegámos, não foi
por falta de aviso. Foi por total e absoluto desleixo de quem tinha a obrigação
de nos defender, de defender a democracia dos seus inimigos. A propagação da
mentira não é liberdade de expressão, é crime. A propagação do ódio não é
liberdade de expressão, é crime. E é como crime que essas coisas têm de ser
tratadas, com as devidas consequências. Se eu não posso fazer negócios com o Estado
porque me atraso no pagamento de um cêntimo de imposto, porque pode ser
deputado quem tem no currículo condenações por difamação?</p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-5052890986044511012024-03-13T10:03:00.004+00:002024-03-13T10:03:24.318+00:00ACORDAI<div style="text-align: justify;"> <br />Pego no telemóvel e a primeira coisa que vejo é um vídeo
da Rita Maria a explicar porque o Chega não é fascista. Diz que não é porque o
Tribunal Constitucional não deixa, a esquerda é que diz que é porque eles
querem acabar com a corrupção. E a corrupção é a esquerda, nomeadamente o
Sócrates que ainda anda para aí sem ser julgado. Dezenas de milhares de jovens
multiplicados por dezenas de milhares de pessoas vão ver aquilo que eu vi, eu
que nem tenho TikTok. O vídeo foi feito e partilhado numa rede especialmente
vocacionada para jovens, mas vai seguir por whatsapp, estará nos reels do
Facebook, vão encontrá-lo no Instagram e no X. A mensagem vai chegar a milhões
de pessoas, sem contraditório e com uma clareza desarmante. Sim, a política já
não se faz só nas ruas, a distribuir papéis que praticamente ninguém lê, nem em
almoços de domingo. O mundo mudou radicalmente nos últimos 20 anos, a
"direita progressista" tem sido muito mais hábil e inteligente na
assimilação dessa mudança do que a "esquerda conservadora". A imagem
determina, a clareza manda, a aparência seduz. Num país onde 60% da população
não lê um livro, estão à espera que leiam os programas chatos dos partidos
políticos? Acordai, sim, acordai vós que esperais que o povo acorde. A hipnose
é mais profunda do que julgais.</div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-60412902052341571202024-03-12T10:12:00.005+00:002024-03-12T12:25:41.490+00:00VEM NO PÚBLICO<div><div style="text-align: justify;"><i>"Será que, como disse Pedro Nuno Santos na noite de
domingo, não “há 18% de portugueses votantes racistas e xenófobos, mas há
muitos portugueses zangados”? Se olharmos para os números, o líder do PS está
completamente errado. Há muitos mais portugueses com sentimentos racistas, só
que, até ao momento em que o Chega tornou aceitável dizê-lo em voz alta,
guardavam esses sentimentos para si e não tinham onde votar.</i></div><span><div style="text-align: justify;"><i>O respeitável European Social Survey de 2018/2019 era bem
claro: 62% dos portugueses questionados perfilham pelo menos a crença no
racismo biológico ou no racismo cultural. Só 11% dos inquiridos discordavam de
todas as crenças racistas. Depois de 10 de Março, podemos continuar a fazer
como o líder socialista e olhar para o lado, quando a realidade não nos agrada,
ou, em alternativa, podemos tentar ponderar seriamente as razões que levaram
mais de um milhão de portugueses a reforçar a presença da direita radical no
Parlamento português."</i></div></span></div><div><span><i><br /><div style="text-align: justify;">O resto leiam por lá. Assina David Pontes.</div></i></span></div><div><span><br /><div style="text-align: justify;">Isto é o país que temos, não vale a pena disfarçar. Toda
a Europa colonialista é isto, de um modo mais ou menos exacerbado.</div></span></div><div><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span>Outro dado
interessante é a baixa escolaridade deste eleitorado, composto maioritariamente
por homens com o 12⁰ ano. Há décadas, ainda o Chega era uma miragem, que muita
gente anda a alertar para o problema, nomeadamente referindo-se à
descredibilização do ensino, à política dos números que nivelam sempre por
baixo para apresentar resultados por cima. Esta falta de exigência é o vírus, a
doença manifestou-se, agora é tempo de a tratar. Vai ser difícil, as metástases
são muitas.</span></div><div><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span>A reter, e vocês façam a experiência, é que inúmeras pessoas que se
queixam do estado do país não fazem a mínima ideia do que se estão a queixar.
Queixam-se na base de percepções incutidas por CMTVs e afins, vídeos virais no
YouTube e restantes redes sociais, generalizando fenómenos particulares e
isolados. A intoxicação pelo medo traz sempre resultados, sempre. Michael Moore
desmontou isso bem no documentário “Bowling for Columbine”.</span></div><div><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span>É óbvio que há
muita gente a passar dificuldades, sufocada por uma carga fiscal que não
compreende, malta nova sem perspectivas de futuro, gente que ganha para pagar
casa, carro, água, luz, gás, e passa a vida a fazer contas. Sim, essas pessoas
existem. Não são, apesar de tudo, os verdadeiros miseráveis. Esses têm, na sua
maioria, um nome: imigrantes. Dividem quartos com 5, 6, 7 pessoas, vivem na
rua, são explorados como mão-de-obra barata nas estufas do Alentejo e do
Algarve, nos campos de Santarém e no pão de Rio Maior. Fazem pela vida
sujeitando-se a condições que os portugueses que os temem, odeiam ou desprezam
jamais se sujeitariam.</span></div><div><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span>O paradigma mudou, é verdade, mas há coisas que jamais
mudarão. Os maiores inimigos dos pobres serão sempre os menos pobres, beijam a
mão aos ricos, fazem o jogo dos ricos na esperança de uma ascensão social que
só os frustra. Vão continuar na merda a odiar os que estão por baixo e a beijar
anéis ao Papa e os pés a salgados, berardos, filipes vieiras e afins, nas suas
jogatanas e esquemas e negociatas de pequena corrupção de que se gabam entre
amigos. Escárias há muitos, nunca deviam chegar aos gabinetes.</span></div><p><span></span></p>
<p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-81011378167106356782024-03-12T10:07:00.001+00:002024-03-13T10:09:20.936+00:00MIGUEL GULLANDER (1975-2024)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijLHdC4eHnuCJiUjcVeXL4WrssLsJkltszmjlMKYIczQuOyNsLGi1jzLPvb3iLLfRTCUmfpQZLl84cyrHo8fqz10MXXVfgmwRWuzxS9w4q9Aj-EAvJYLeqG-tFxVPZnfKzEy9jRO3KCZ5RT-5TnDgOs7iVR_MYSDWkaUFEFe30mmYMeZWsJXV8uHcEiS8/s758/mIGUEL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="423" data-original-width="758" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijLHdC4eHnuCJiUjcVeXL4WrssLsJkltszmjlMKYIczQuOyNsLGi1jzLPvb3iLLfRTCUmfpQZLl84cyrHo8fqz10MXXVfgmwRWuzxS9w4q9Aj-EAvJYLeqG-tFxVPZnfKzEy9jRO3KCZ5RT-5TnDgOs7iVR_MYSDWkaUFEFe30mmYMeZWsJXV8uHcEiS8/w400-h224/mIGUEL.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Conheci-o na Nazaré, salvo
erro em 2016. Depois trocámos e-mails. Nunca mais o vi. Enviava-me livros de
autores africanos, guineenses. Não publicou muito, mas publicou bem.
"Através da Chuva" (Dom Quixote, 2014), por exemplo, ou o belíssimo
"A Balada do Marinheiro-de-Estrada" (Cavalo de Ferro, 2005). Partiu.</span></p><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5657609118465117315.post-84469438870254974782024-03-11T18:26:00.004+00:002024-03-11T18:26:18.456+00:00A NOITE ELEITORAL SEGUNDO QUITÉRIA<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn0FOFnpWFIVAaYsR4KyhlikxhwKeuP44D2bAG2UsrSWsRy9ImjYk8gqIy473-tibboSerlrjkMD1HBaCLWirK4uRi3rJIEYljvFBS1hxwGGZpD72LOmtSiRZhRKLhLonPsCYKiL188tjaks9FdEPuzzxHRgV5YE2_GSAlNAVfYfr7m0ag6UKfkhiAeT8/s588/trio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="135" data-original-width="588" height="91" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn0FOFnpWFIVAaYsR4KyhlikxhwKeuP44D2bAG2UsrSWsRy9ImjYk8gqIy473-tibboSerlrjkMD1HBaCLWirK4uRi3rJIEYljvFBS1hxwGGZpD72LOmtSiRZhRKLhLonPsCYKiL188tjaks9FdEPuzzxHRgV5YE2_GSAlNAVfYfr7m0ag6UKfkhiAeT8/w400-h91/trio.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">1. A abstenção é boa e não sabíamos</span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">2. Gonçalo da Câmara Pereira é, finalmente, um homem
livre</div> <div style="text-align: justify;">3. O PS pode começar a arrumar as estantes com livros</div><div style="text-align: justify;">4. Boliqueime mantém o bom gosto</div><div style="text-align: justify;">5. A Iniciativa Liberal está de parabéns, conseguiu
transformar um trol num tipo que enfim</div><div style="text-align: justify;">6. A avó da Mariana já pode descansar em paz, isso é
positivo</div> <div style="text-align: justify;">7. Ainda bem que o PCP é contra a eutanásia, assim como
assim fica ligado à máquina</div> <div style="text-align: justify;">8. Rui Tavares não é gago</div><div style="text-align: justify;">9. O PAN ladra mas não morde</div><div style="text-align: justify;">10. O trio de ataque está de parabéns</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E é tudo. Ficamos por aqui em matéria de legislativas.</div></span></div><p></p>hmbfhttp://www.blogger.com/profile/05417154097887819058noreply@blogger.com0