quinta-feira, 3 de setembro de 2020

CIDADÃOS CONTRA A CIDADANIA


Um grupo de cidadãos reuniu-se para redigir um abaixo-assinado contra a obrigatoriedade da disciplina de cidadania. São cidadãos que pretendem uma cidadania opcional, num país onde o civismo vai de vento em popa. Seria apenas patusco, não fossem os contornos crípticos que tornam esta história um pouco abjecta. Há semanas, andou a circular por aí a fotografia de uma menina numa manifestação do Chega. A criança foi notícia por lhe terem vestido um cartaz que dizia: “sou adoptada, angolana, meus pais são Chega”. A mãe mostrou-se arrependida a posteriori, mas o mal estava feito. A criança fora usada como arma de arremesso político, era uma criança-objecto. Agora temos um pai que resolve proibir os filhos de frequentar uma disciplina, indiferente ao facto de os meninos poderem chumbar. Para este pai, a sua oposição à disciplina de cidadania é mais relevante do que o percurso escolar dos filhos. Artur Mesquita Guimarães foi delegado da Associação das Famílias Numerosas, faz parte da Associação In Família de Braga, é membro da Federação Portuguesa pela Vida, diz-se cristão católico e conservador. O seu advogado, João Pacheco Amorim, foi candidato do Chega, em Coimbra, nas últimas legislativas. As coisas são o que são e não vale a pena iludi-las. O que me indigna em tudo isto é apenas o uso das crianças, a forma como certos pais, por certo os melhores do mundo, não hesitam em servir-se dos filhos para travarem as suas guerras pessoais. Imaginemos, por momentos, que a disciplina de Religião e Moral era obrigatória. Pois claro que me oporia a tal obrigatoriedade, mas jamais sacrificaria um ano escolar das minhas filhas como forma de travar a minha batalha. Elas que fizessem a disciplina, que eu me encarregaria do contraditório em casa. Neste caso a questão é tanto mais absurda quanto são absolutamente anódinos os conteúdos da tal disciplina de cidadania. Sérgio Sousa Pinto, caricatura de que jamais nos lembraríamos não fossem estes escândalos nacionais, assina o tal abaixo-assinado argumentando que a disciplina (ele chama-lhe cadeira) é inútil. A política portuguesa também transborda de políticos inúteis, cuja obra é uma coisa em forma de assim. Não é o caso de Sousa Pinto, ilustre político português, deveras útil à nação, que tem feito coisas muito relevantes e sem dúvida significantes tais como certas coisas que tem feito. Não obstante, olhamos para os signatários do “manifesto anti-cidadania” e sentimos no ar um certo aroma bafiento. Aquilo é tudo gente que no tempo da Mocidade Portuguesa comia o que lhe metiam no prato e calavam. Gente pura e cristalina, fardada da mioleira aos pés.

10 comentários:

Transhümantes disse...

Eles vão avançando, lentamente
eles vão avançando e nós seguimos o passo! Saúde.

Anónimo disse...

Na mouche o texto.

CCF disse...

Acham que são donos dos filhos, se calhar se os maltratarem também dirão que nada temos a ver com isso, afinal são propriedade sua.
~CC~

Anónimo disse...

O texto típico de um autoritário, acintoso e roçando a difamação. Os sociais fascistas são mesmo assim. E tentam passar por cívicos, quando não são mais que cripto-totalitários com agenda ultramarxista, essa ideologia que tem dado milhões de mortos. Gente que tenta fazer do Estado a alavanca para a sua agenda de cunho soviético. Repelente e cínico.

Robles de Sousa

hmbf disse...

Anónimo Robles de Sousa, compre juízo. Só mesmo comprando é que se vai safar, já que a natureza não lhe foi generosa.

Anónimo disse...

Não preciso comprar nada, apesar do seu acinte tenho o suficiente juízo para referir que a si é que lhe falta algo de significativo para deixar de ser um poetinha medíocre e um opinador sem qualidade, usando o velho argumento da "falta de juízo" como se fazia na URSS quando, a exemplo do que você faz, alguém discordava. Olho-o com comiseração, pois é o suficiente.

hmbf disse...

Há um problema dos domínios da psiquiatria que consiste em projectar no outro os males de que se padece. Olhe que eu, com essa do acinte, não hesitaria em agendar consulta. O anonimato fica-lhe bem, não vá este soviético ultramarxista se lembrar de o comer ao pequeno almoço.

Anónimo disse...

A sua atitude achincalhando o socialista e democrata Sérgio Sousa Pinto descreve o que você é na perfeição. E a sua atitude para comigo reforça essa atitude. Pois o que diz serve-lhe é a si na perfeição. Não é um soviético ultra-marxista, é apenas uma pessoínha muito desagradável e triste, na sua roupagem de pequenote totalitário. Passe muito bem...

hmbf disse...

Caríssimo, estimadíssimo, queridíssimo, excelentíssimo Anónimo, não se vá embora, por favor, fique, eu estou a gostar. Ora veja: «texto típico de um autoritário, acintoso». Poderia eu considerar isto difamatório? Ou só vossa excelência é que tem o direito? «Repelente e cínico», para rematar, sem sequer se dar ao trabalho de identificar onde no meu texto há algo que equivalha ao que vossa excelência infere. Depois continua: «poetinha medíocre e um opinador sem qualidade». Agradeço a sua opinião cheia de qualidades. E mais: «Não é um soviético ultra-marxista, é apenas uma pessoínha muito desagradável e triste, na sua roupagem de pequenote totalitário». Se isto não é para rir a bandeiras despregadas, não sei para que seja. A modos que, quando quiser comentar o texto desfocando-se da minha pessoa, terei todo o gosto em ouvi-lo. Para insultos ad hominem não merece outra coisa que não seja o escarro das caixas de comentários. E já estou a ter muita paciência, ó pobre, mas caríssima, estimadíssima, queridíssima, excelentíssima carcaça de Deus.

Transhümantes disse...

Hahahahaha, muito bom!
O Acintes de Sousa Robles,ahahahahaha!
Socialista e demócrata, ahahahahaha!
Valem mesmo muito pouco as palavras hoje em dia...Saúde ahahahahaha