quarta-feira, 2 de setembro de 2020

JORNALISMO PIMBA


 

Há dias apanhei a pivot Clara de Sousa à boleia do cantor Emanuel num carrinho de golfe. Achei piada. Já não achei tanta piada ao ouvi-la recitar um poema ao som de piano teclado pelo autor de “Baby, És Uma Bomba”. Preferira que a pivot se dedicasse às receitas e à bricolage, deixando o pimba em paz com Bruno Nogueira e companhia. O mundo não é perfeito. Quis o destino, que tem as costas largas, que eu voltasse a ver Clara de Sousa em figuras tristes poucas horas depois do episódio com Emanuel. Ontem, dando continuidade a uma perseguição à Festa do Avante, que o canal para o qual trabalha tem promovido com horas a fio de desinformação e de manipulação de notícias, opiniões públicas e comentários sucessivos sem um segundo sequer de direito a contraditório, Clara de Sousa introduziu mais uma peça de ataque à Festa com uma putativa capa do The New York Times. Sucede que a capa era falsa, uma das muitas manipulações da extrema-direita com a qual a SIC quis alinhar. O verbo querer é aqui aplicado com propriedade. O Polígrafo, parceiro mediático da SIC, já havia desmentido aquela capa horas antes de ela ser usada. O pedido de desculpas que foi feito só prova quão mau pagador e sonso é aquele canal. Tratando-se de um lapso, é sinal de incompetência atroz. Recordemos o episódio de Março, em que o mesmo canal emitiu um vídeo de Londres, datado de 2011, como se fosse do ano corrente. Ricardo Costa disse então: "A peça foi retirada do ar e seguir-se-á um pedido de desculpas público. Foi um erro absurdo de falta de verificação básica de um vídeo que estava a circular. Obrigado pelo aviso". Sublinhemos: “erro absurdo de falta de verificação”. Pois bem, o mesmo erro parece ter-se tornado regra da SIC. Ninguém verifica nada. O canal que pretendeu afirmar-se pela competência informativa, trazendo para a linha da frente um Ferrão detector de mentiras de Polígrafo em riste, brinda os seus telespectadores com duas fake news, transformando-se, deste modo, num propagador de notícias falsas e sensacionalistas. A “correiodamanhãzização” da SIC é uma evidência, com uma redacção de gente disposta a fazer fretes em nome do sensacionalismo mais ordinário. O Opinião Pública com Carneiro Jacinto do dia de ontem foi o prenúncio da desgraça total de um canal afundado numa perseguição sem sentido. Quem tenha visto aquele espectáculo deplorável, precedido dos comentários alienados de Bernardo Ferrão no Jornal das 2 do dia anterior, apercebeu-se do que a figura triste de Clara de Sousa veio apenas tornar claro como água: a SIC está-se nas tintas para a informação. É toda ela entretenimento, espectáculo pimba ao serviço da mentira e do populismo. Mais uma razão para ir à Festa do Avante, onde o crítico de televisão Mário Castrim será recordado para que nos lembremos todos de como as redacções de informação destes canais cederam às fúteis passadeiras vermelhas do espectáculo.


P.S.: e não esquecer o estranho caso do embarretado.

1 comentário:

Anónimo disse...

A performance do Artur Baptista da Silva foi em 2012? Bolas... Pensava que tinha sido no ano passado ou coisa do género!