Há dias apanhei a pivot Clara de Sousa à boleia do cantor
Emanuel num carrinho de golfe. Achei piada. Já não achei tanta piada ao ouvi-la
recitar um poema ao som de piano teclado pelo autor de “Baby, És Uma Bomba”.
Preferira que a pivot se dedicasse às receitas e à bricolage, deixando o pimba
em paz com Bruno Nogueira e companhia. O mundo não é perfeito. Quis o destino,
que tem as costas largas, que eu voltasse a ver Clara de Sousa em figuras
tristes poucas horas depois do episódio com Emanuel. Ontem, dando continuidade
a uma perseguição à Festa do Avante, que o canal para o qual trabalha tem
promovido com horas a fio de desinformação e de manipulação de notícias, opiniões
públicas e comentários sucessivos sem um segundo sequer de direito a contraditório,
Clara de Sousa introduziu mais uma peça de ataque à Festa com uma putativa capa
do The New York Times. Sucede que a capa era falsa, uma das muitas manipulações
da extrema-direita com a qual a SIC quis alinhar. O verbo querer é aqui
aplicado com propriedade. O Polígrafo, parceiro mediático da SIC, já havia
desmentido aquela capa horas antes de ela ser usada. O pedido de desculpas que
foi feito só prova quão mau pagador e sonso é aquele canal. Tratando-se de um
lapso, é sinal de incompetência atroz. Recordemos o episódio de Março, em que o
mesmo canal emitiu um vídeo de Londres, datado de 2011, como se fosse do ano
corrente. Ricardo Costa disse então: "A peça foi retirada do ar e
seguir-se-á um pedido de desculpas público. Foi um erro absurdo de falta de
verificação básica de um vídeo que estava a circular. Obrigado pelo aviso".
Sublinhemos: “erro absurdo de falta de verificação”. Pois bem, o mesmo erro
parece ter-se tornado regra da SIC. Ninguém verifica nada. O canal que pretendeu afirmar-se pela
competência informativa, trazendo para a linha da frente um Ferrão detector de
mentiras de Polígrafo em riste, brinda os seus telespectadores com duas fake
news, transformando-se, deste modo, num propagador de notícias falsas e sensacionalistas.
A “correiodamanhãzização” da SIC é uma evidência, com uma redacção de gente
disposta a fazer fretes em nome do sensacionalismo mais ordinário. O Opinião
Pública com Carneiro Jacinto do dia de ontem foi o prenúncio da desgraça total
de um canal afundado numa perseguição sem sentido. Quem tenha visto aquele
espectáculo deplorável, precedido dos comentários alienados de Bernardo Ferrão
no Jornal das 2 do dia anterior, apercebeu-se do que a figura triste de Clara
de Sousa veio apenas tornar claro como água: a SIC está-se nas tintas para a
informação. É toda ela entretenimento, espectáculo pimba ao serviço da mentira
e do populismo. Mais uma razão para ir à Festa do Avante, onde o crítico de televisão Mário Castrim será recordado para que nos lembremos todos de como as redacções de informação destes canais cederam às fúteis passadeiras vermelhas do espectáculo.
P.S.: e não esquecer o estranho caso do embarretado.
1 comentário:
A performance do Artur Baptista da Silva foi em 2012? Bolas... Pensava que tinha sido no ano passado ou coisa do género!
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