quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

DIA DE PORTUGAL


As missas são essenciais, a cultura é acessória. Retire o leitor as suas conclusões. Eu proponho que se desassocie o nome de Camões do dia de Portugal. Camões não é essencial. Portugal também não deve ser, mas assenta-lhe melhor o nome de um padre do que o de um poeta. Sugiro, em alternativa, que passemos a comemorar o Dia de Padre Borga, de Portugal e das Comunidades Confinadas Portuguesas.

Desloquemos o teatro para uma igreja, vendamos poesia ao postigo. A ideia de um Diga 33 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição não está posta de lado. Convidamos a poeta Tolentina, que fará o favor de não ler poemas seus. Convocamos Quitéria a passar um cestinho de mão em mão, para que possam expurgar os vossos pecados acudindo a actores, encenadores, técnicos, escritores. Teremos hóstias de sonetos, o corpo de Deus cortado às estrofes. Em nome do poema e do verso e do espírito elegíaco, ai mãe.

3 comentários:

rff disse...

Isto está tudo trocado, Companheiro, e não é somente a cena das missas! Não creio ter vivido neste país, e já vou nos 46, período de tanto desvario civilizacional como o actual. Morrem mais de 150 concidadãos desta merda por dia... as ambulâncias com corpos quase cadáveres acumulam-se horas a fio em fila à entrada dos hospitais... Não sei se poderia ser diferente.. Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, tudo países pequenos.. e com outros recursos estão também nesta fase terrível da pandemia... e querem que as pessoas vão votar... e permite-se que um determinado gajo continue a fazer comícios e jantaradas a dizer mal de tudo o que mexe e a espalhar ódio e divisões... Não me reconheço neste País.
Abraço

hmbf disse...

De facto. Estamos juntos.

Transhümantes disse...

Eu poderia intender que a "cultura" em Portugal fechasse porque incómoda, mas não é o caso. Se calhar é porque está no sector do comércio ou do entretenimento e lazer... Abraço