As missas são essenciais, a cultura é acessória. Retire o
leitor as suas conclusões. Eu proponho que se desassocie o nome de Camões do
dia de Portugal. Camões não é essencial. Portugal também não deve ser, mas
assenta-lhe melhor o nome de um padre do que o de um poeta. Sugiro, em
alternativa, que passemos a comemorar o Dia de Padre Borga, de Portugal e das
Comunidades Confinadas Portuguesas.
Desloquemos o teatro para uma igreja, vendamos poesia ao postigo. A ideia de um Diga 33 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição não está posta de lado. Convidamos a poeta Tolentina, que fará o favor de não ler poemas seus. Convocamos Quitéria a passar um cestinho de mão em mão, para que possam expurgar os vossos pecados acudindo a actores, encenadores, técnicos, escritores. Teremos hóstias de sonetos, o corpo de Deus cortado às estrofes. Em nome do poema e do verso e do espírito elegíaco, ai mãe.
3 comentários:
Isto está tudo trocado, Companheiro, e não é somente a cena das missas! Não creio ter vivido neste país, e já vou nos 46, período de tanto desvario civilizacional como o actual. Morrem mais de 150 concidadãos desta merda por dia... as ambulâncias com corpos quase cadáveres acumulam-se horas a fio em fila à entrada dos hospitais... Não sei se poderia ser diferente.. Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, tudo países pequenos.. e com outros recursos estão também nesta fase terrível da pandemia... e querem que as pessoas vão votar... e permite-se que um determinado gajo continue a fazer comícios e jantaradas a dizer mal de tudo o que mexe e a espalhar ódio e divisões... Não me reconheço neste País.
Abraço
De facto. Estamos juntos.
Eu poderia intender que a "cultura" em Portugal fechasse porque incómoda, mas não é o caso. Se calhar é porque está no sector do comércio ou do entretenimento e lazer... Abraço
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