Esta noite sonhei que estava sentado numa pedra à
beira-rio quando avistei, na outra margem, duas pessoas aflitas que o tentavam
atravessar a vau. A corrente era forte e eu fiquei sem saber o que fazer. O
casal de aflitos esbracejava, gritava, eu não percebia o que diziam. Seriam
estrangeiros? Forasteiros? Imigrantes?
São portugueses?
Expulsei a dúvida num berro, na esperança de que algum deles se fizesse entender. Não entendi nada do que disseram, não percebia o que diziam, estavam em pânico, bramiam como animais desesperados.
Ajudo primeiro aquele de entre vós que for português, disse. Parece-me justo estabelecer prioridades. Se forem ambos portugueses, darei prioridade ao que for sportinguista, continuei. Se ambos forem sportinguistas, pois que terei de optar por aquele que preferir a cor preta. É a minha cor preferida, declarei.
Os indivíduos aproximavam-se lentamente, era-me impossível descortinar o que quer que fosse acerca das suas características. Se eram homens ou mulheres, brancos ou pretos, tementes a Deus ou hereges.
Ajudem-me, por favor, para poder tomar uma decisão, supliquei.
Queria mesmo ajudá-los, mas começar por onde? E por qual?
Entretanto, as duas criaturas arribaram esfalfadas na margem onde eu me encontrava. Acorri explicando-me, que não podia ter ajudar um deles prejudicando o outro sem saber por qual começar.
Eis que se ergueram desvelando o rosto, eram os dois iguaizinhos a mim, tal e qual como se fôssemos irmãos gémeos, da mesma altura, a mesma compleição, os mesmos olhos e cabelos, o mesmo sinal na testa, a mesma cicatriz no sobrolho esquerdo. Fiquei tão perplexo que quedei boquiaberto sem saber o que dizer. Tão pasmado me encontrava, que nem dei por eles se me dirigindo. Um agarrou-me pelas pernas, o outro pelos braços, e num balanço atiraram-me ao rio.
Enquanto era levado pela corrente, tentei pedir ajuda gritando mas faltava-me a voz. Tinha perdido a voz.
São portugueses?
Expulsei a dúvida num berro, na esperança de que algum deles se fizesse entender. Não entendi nada do que disseram, não percebia o que diziam, estavam em pânico, bramiam como animais desesperados.
Ajudo primeiro aquele de entre vós que for português, disse. Parece-me justo estabelecer prioridades. Se forem ambos portugueses, darei prioridade ao que for sportinguista, continuei. Se ambos forem sportinguistas, pois que terei de optar por aquele que preferir a cor preta. É a minha cor preferida, declarei.
Os indivíduos aproximavam-se lentamente, era-me impossível descortinar o que quer que fosse acerca das suas características. Se eram homens ou mulheres, brancos ou pretos, tementes a Deus ou hereges.
Ajudem-me, por favor, para poder tomar uma decisão, supliquei.
Queria mesmo ajudá-los, mas começar por onde? E por qual?
Entretanto, as duas criaturas arribaram esfalfadas na margem onde eu me encontrava. Acorri explicando-me, que não podia ter ajudar um deles prejudicando o outro sem saber por qual começar.
Eis que se ergueram desvelando o rosto, eram os dois iguaizinhos a mim, tal e qual como se fôssemos irmãos gémeos, da mesma altura, a mesma compleição, os mesmos olhos e cabelos, o mesmo sinal na testa, a mesma cicatriz no sobrolho esquerdo. Fiquei tão perplexo que quedei boquiaberto sem saber o que dizer. Tão pasmado me encontrava, que nem dei por eles se me dirigindo. Um agarrou-me pelas pernas, o outro pelos braços, e num balanço atiraram-me ao rio.
Enquanto era levado pela corrente, tentei pedir ajuda gritando mas faltava-me a voz. Tinha perdido a voz.
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