domingo, 27 de novembro de 2022

UM POEMA DE JORGE AGUIAR OLIVEIRA

 


CAVALO-MARINHO

quis ir ao seu fundo
mas a escuridão era infinita

ir sem rumo
no dorso do cavalo-marinho
sob a cassiopeia d'estrelas-do-mar
protegendo a existência
das tempestades

— Nunca os cavalos-marinhos
deviam viver pegados
a vulgares mortais! disse

e, quando trocou o crucifixo
d'oiro do fio de malha barbela
por um seco cavalo-marinho
ai Asmodeu Asmodeu

eu prendi-me ao seu peito

Jorge Aguiar Oliveira, in Aterro, Companhia das Ilhas, Maio de 2022, p. 58.

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