Num poema enviado a uma amiga
em 21.3.74, a ideia de insubmissão surge em termos surreais, com violentos
contrastes e ousadas metáforas:
a insubmissão é uma arma
apontada para os grandes horizontes
que são de todos nós para tudo o que nunca fomos nem seremos
quando um esquecimento nos vem à memória
a insubmissão é cortarmos o pescoço para podermos verdadeiramente cantar
a insubmissão é um marinheiro desgovernado
que encontra no mar uma mulher-serpente e lhe dá de comer
como se tivessem ambos as pálpebras silenciosas e a boca entreaberta
Citado de Almeida Faria, “O
Pintor à Porta dos Infernos”, in “Mário Botas — Retrospectiva”, catálogo,
Livros Quetzal, 1999, p. 10.
que são de todos nós para tudo o que nunca fomos nem seremos
quando um esquecimento nos vem à memória
a insubmissão é cortarmos o pescoço para podermos verdadeiramente cantar
a insubmissão é um marinheiro desgovernado
que encontra no mar uma mulher-serpente e lhe dá de comer
como se tivessem ambos as pálpebras silenciosas e a boca entreaberta
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