Tenho para mim que a crítica literária poderia reduzir-se
aos pensamentos que vamos tendo enquanto acompanhamos a leitura de um livro, não
fosse a vaidade de muitos críticos em pretenderem fazer-se passar pelo que não
são: filósofos. Tenho a mania de anotar impressões nas margens dos livros que vou
lendo, sendo que uns ficam mais registados do que outros. Alguns não inspiram
comentários, ainda que exijam correcções. Gralhas, erros, etc. Nada como um exemplo.
Voltei a pegar nas “Breves Notas Sobre Literatura-Bloom”, do Gonçalo M.
Tavares, e recolhi os comentários que fui espalhando pelas páginas do livro à
medida que o lia. Ficou assim:
Banal. Isto já foi escrito um milhão de vezes de mil e
uma maneiras. Arquivo de factos? Adiposo. Ver conto da Laís Chaffe, julgo que “O
Salto”. Engraçado. Pessoa interesseira, deita-a na lixeira. Egoísta rima com
fascista. Isto podia ser António Pocinho. Coitado. Lugar-comum. Um dicionário
de lugares-comuns, seria incomum? Depende do texto. Este não ficaria pior
esborratado. OK, isto é bom. Pois. Já li isto algures. Terá sido numa
entrevista? Isto também não é mau. Mas é imagem, mera imagem. Básico. Ver
página 53. Intensidade. Gosto mais de Beckett. E de vinho. !! A sério? Onde?
Lyotard, claramente. Mais Lyotard, o da pós-modernidade. Olha Brecht. Meta-escrita.
Porra, que tédio. Acumular, como nas acumulações de Arman. Mas Arman sempre
recolhia lixo, o escritor produz lixo. Não bebes mais nada.
Nota: este último comentário é ao posfácio de Borja
Bagunyà.
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