segunda-feira, 30 de março de 2015

GOSTEI DE LER

A notícia é da semana passada mas, por ser uma raridade mesmo rara – e neste caso a expressão não é pleonasmo, merece toda a atenção. Uma empresa, a Lisnave, decidiu por iniciativa dos seus accionistas distribuir pelos seus trabalhadores efectivos 18,5% dos lucros líquidos do exercício de 2014, isto é, 1,2 de 6,47 milhões de euros a título de gratificação. É assim, e não com pancadinhas nas costas que não pagam as despesas lá de casa, que um trabalhador sente que o seu trabalho é valorizado

Filipe Tourais, aqui.



A minha experiência é outra. Diária, semanal ou mensalmente, relatórios de objectivos cumpridos ou por cumprir merecem a mesma despesa e o mesmo lucro: uma caderneta iconográfica de bonecos alegres ou zangados, com parabéns e recriminações enviadas por e-mail. Vivo numa outra dimensão, algures entre a escola primária do antigo regime e o cinismo oportunista das direcções. Grato pela atenção, procuro regressar sempre a casa com a consciência de missão cumprida e muito estômago. O recibo de vencimentos ditará a fortuna ou o infortúnio do meu empenho sempre com a mesma e invariável eloquência. 

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