O DRAMA EM ABRIL
E assim se tornou Março num museu,
E se abriram as cortinas de Abril.
Percorro a galeria vazia
Até ao último lugar.
Naquele cenário primaveril
Os actores armam tendas,
E num mínimo de luz
Começam a sua representação.
Os gritos deles no escuro pulverulento
Adensam-se com pesar vindos
Dos bastidores do Ambassadors.
Os objectos e os adereços à chuva
São a cinza da casa
E as pedras tumulares sem número
No meio do verde.
Anseio pelo intervalo,
Farto deste repertório.
1952
Harold Pinter (n. 10 de Outubro de 1930, Londres, Reino Unido - m. 24 de Dezembro de 2008, idem), in Várias Vozes, trad. Pedro Marques, Quasi Edições, Maio de 2006, p. 139.
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