domingo, 27 de maio de 2018

PAISAGENS POSSÍVEIS PARA A CONSTRUÇÃO DA MINHA CASA


Falemos de Casas
texto para catálogo da exposição
Paisagens possíveis para a construção da minha casa
de Luís Rodrigues

24 de Maio da 28 de Junho de 2018
no Espaço António Borges Coelho
do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa

(mais informações: aqui)

(...)

   Há quem não se contente com a superfície e então escava, mete o braço de fora, força, sobe e desce, arromba, desbrava, à procura do que possa estar para lá da superfície. E então a superfície surge-nos com a textura do relevo. Para lá da superfície há sempre mais superfície. Esta tendência de andarmos para lá dos nossos passos, de imprimirmos o nosso corpo nas sombras, transformando-o numa espécie de fantasma carnívoro, é algo que se nos apresenta indecifrável. Por que razão não nos contentamos com a superfície das coisas? Não nos chega sabermos onde metemos o pé, temos sempre de saber o que se esconde por baixo do terreno onde assentamos o pé. Julgo haver melancolia nesta ansiedade, a mesma que nos reprime junto do outro. Os relevos, nestes trabalhos de Luís Rodrigues, oferecem à superfície um exterior que, paradoxalmente, parece vindo de dentro das casas como um som que atravessa as paredes pela fresta da intimidade. São a figuração do desejo, espécie de utopia da serenidade.

(...)

2 comentários:

  1. Obrigado pela divulgação e pelo muito belo texto.

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  2. Obrigado pela divulgação e pelo muito belo texto.

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