Falemos de Casas
texto para catálogo da exposição
Paisagens possíveis para a construção da minha casa
de Luís Rodrigues
24 de Maio da 28 de Junho de 2018
no Espaço António Borges Coelho
do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa
(mais informações: aqui)
(...)
Há quem não se contente com a superfície e
então escava, mete o braço de fora, força, sobe e desce, arromba, desbrava, à
procura do que possa estar para lá da superfície. E então a superfície
surge-nos com a textura do relevo. Para lá da superfície há sempre mais
superfície. Esta tendência de andarmos para lá dos nossos passos, de
imprimirmos o nosso corpo nas sombras, transformando-o numa espécie de fantasma
carnívoro, é algo que se nos apresenta indecifrável. Por que razão não nos
contentamos com a superfície das coisas? Não nos chega sabermos onde metemos o
pé, temos sempre de saber o que se esconde por baixo do terreno onde assentamos
o pé. Julgo haver melancolia nesta ansiedade, a mesma que nos reprime junto do outro.
Os relevos, nestes trabalhos de Luís Rodrigues, oferecem à superfície um
exterior que, paradoxalmente, parece vindo de dentro das casas como um som que
atravessa as paredes pela fresta da intimidade. São a figuração do desejo,
espécie de utopia da serenidade.
(...)
Obrigado pela divulgação e pelo muito belo texto.
ResponderEliminarObrigado pela divulgação e pelo muito belo texto.
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