coisa
nenhuma
de lá para cá na sombra do interior para
a sombra exterior
do eu impenetrável ao impenetrável
não-eu como forma de coisa nenhuma
como que entre dois refúgios cintilantes
cujas portas uma vez próximo, se fecham suavemente, uma vez afastado, de novo
se abrem suavemente
acena para a frente e para trás e
vira-se
desmiolado nos modos, opta por uma
cintilação ou pela outra
passos inaudíveis apenas som
até que por fim pára decidido, para
sempre ausente do eu e outro
então nenhum som
então luz suavemente inalterável naquela
coisa nenhuma despercebida
casa indizível
Originalmente publicado em 1979, este
texto esteve para ser incluído numa colectânea de poesia de Samuel Beckett. O
autor resistiu à inclusão por considerá-lo um texto em prosa, uma história. Escrito
em 1976 para ser musicado pelo compositor norte-americano Morton Feldman
(1926-1987). Versão de HMBF.
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