quarta-feira, 5 de junho de 2019

UM POEMA DE ALFREDO VEIRAVÉ



A MINHA CASA É UMA PARTE DO UNIVERSO

Os que a viram dizem que a terra
é uma esfera no espaço, um planeta
bastante pequeno
do tamanho do polegar dos astronautas.
Não duvido porque vi as fotografias
e porque agora estou a quase meio planeta de casa.
O melhor de tudo isto é que nesse polegar
também a minha casa é uma parte do universo.
Como não sê-lo se no pátio do fundo
há um filodendro com folhas gigantes e também minhocas debaixo da terra
óptimas para a pesca, e agora que penso nisso
o cheiro das samambaias junto à parede
a cara de Delfina ou Federico entre as árvores
e aquele canário que se nos escapou à noite.



Alfredo Veiravé (n. Gualeguay, Entre Ríos, 29 de Março de 1928 – m. Resistencia, Chaco, 22 de Novembro de 1991), versão de HMBF a partir do original coligido por Marta Ferrari, in Antología – La poesia del signo XX en Argentina, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010,pp. 282.

Sem comentários: