David S. “Davey” Moore foi um pugilista norte-americano
que morreu aos 29 anos de idade "em pleno combate". No dia 21 de Março de 1963, ao que parece no dia da poesia, bateu-se contra o cubano Sugar Ramos com direito a transmissão televisiva a
nível nacional. Ainda antes de abandonar o ringue, proferiu algumas
declarações. Mas no balneário as lesões consequentes do combate revelaram-se
fatais. Entrou em coma, acabando por falecer 75 horas depois. Bob Dylan dedicou-lhe
uma canção intitulada Who Killed Davey Moore?
A partir de um facto histórico, as interrogações são um
tratado acerca da desresponsabilização. Quem matou Davey Moore? —
pergunta o trovador. E todos lhe respondem “não fui eu”. Todos têm um argumento
que os iliba e desculpa perante os outros. Porventura de consciência
aligeirada, já que limpa não estará, a plateia assiste ao tombo do guerreiro
alheando-se da desgraça. O tema é antigo e podia levar-nos até às mãos lavadas
de Pôncio Pilatos. Ao escutar esta canção ocorrem-me inúmeras situações de alienação
social onde o desinteresse das populações redunda numa criminosa cumplicidade.
A versão de Pete Seeger é absolutamente maravilhosa:
2 comentários:
Muito interessante a interrogação e tudo o que dela deriva.
Abraço.
saúde
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