No rescaldo da partida com o Uruguai, Rui Santos (quem
mais?) assevera que Portugal foi fraco a jogar sem bola. Sinto-me obrigado a
discordar. Na realidade, julgo que os melhores momentos do jogo de Portugal
sucederam quando não tínhamos bola. As estatísticas dizem que tivemos uma posse
de 60 e qualquer coisa % para 30 e picos %, pelo que aqueles 20 e tal % sem
bola terão sido cruciais. Mas isso é estatístico. Neste momento, neste preciso
momento, assisto a toda uma vizinhança sem bola à janela. São todos campeões de
alguma coisa, como dizia o poeta. Eu é que não sei o quê. Aquele ganhou a taça
do dia a fumar um cigarro na varanda, o outro exibe aceleradelas no Peugeot
turbinado, aquela mostra as pernas a quem queira contemplá-las, a outra estende
a roupa e chama putas às vizinhas, este passeia o cão, além há quem engendre
uma espécie de funk favela cigano e acolá, perdoem-me a presunção, a vizinha do
44, 2.º dt.º acabou de me fazer um sinal que leva a crer na possibilidade de
uma vida feliz. Diz o outro que Portugal jogou pouco sem bola, eu não posso
senão discordar. Julgo que sem bola fomos campeões, ninguém nos bate sem bola.
Com bola é que é o carvalho, mas isso são outros campeonatos.
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