Depois de uma intelectual consagrada nas páginas do
Público, aí temos um intelectual em Downing Street. Há que relativizar a
relevância dos cargos. Assinalemos esta propagação de intelectuais de direita
num mundo que à cabeça tem um tal de Donald Trump. Precisamos de intelectuais
na política desde que ela se esvaziou de pensamento político, carecemos de
ideias profundas e de gente que sabe pensar, andamos ressacados de doutrina e
de argumentos lógicos sobre que rumo dar às nossas vidas.
São muitos os
aforismos implacáveis atribuídos a Boris Johnson, todos eles obviamente descontextualizados.
Mas ainda que fora do contexto, escutemo-lo:
- Johnson foi criticado depois de
afirmar que Sirte, uma cidade na Líbia, teria um futuro promissor enquanto
resort de luxo depois dos investidores “limparem os cadáveres”;
- em Agosto de
2018, Boris escreveu uma coluna no Telegraph onde partilhou a sua opinião sobre
o uso de burcas e niqabs em espaços públicos, na Dinamarca: “é absolutamente
ridículo que as pessoas optem por se vestirem como caixas de correio”;
- na
campanha eleitoral de 2005: “Se votarem no Partido Conservador, a vossa mulher
vai ter seios maiores e a vossa probabilidade de terem um BMW M3 vai aumentar”;
- recuando até 2008, Johnson foi altamente criticado por publicar um artigo no
Spectator em que acusou os negros de terem um nível de inteligência inferior
aos dos orientais: “Os orientais … têm cérebros maiores e níveis mais altos de
QI. Os negros estão do outro lado”;
- sobre um país chamado África: “A esperança
média de vida em África aumentou substancialmente à medida que o país entrou no
sistema económico global”…
São meros exemplos do pensamento intelectual de
direita. Falta o contexto, claro. Procure-o quem estiver interessado.
1 comentário:
O contexto é o do privilégio criativo, uma sofisticada corrente reciclada de brandos sistemas de pensamento como o nosso histórico “nacionalismo autoritário” e que pretende um dia aplanar a Terra para a meter no bolso e fugir para o vazio
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