Esta noite sonhei com uma parada do orgulho abstémio. Damares
Alves era a rainha do cortejo. Instalada no púlpito de um carro alegórico
protegido por anjos e querubins, acenava ao povo, com ar circunspecto, ao som
dos louvores da IURD. Chicão também aparecia, trajado de escuteiro, a cantar
aos berros o “Kumbayá”. As bandeiras multicoloridas com os tons do arco-íris
tinham dado lugar a bandeirinhas brancas, acenadas por freiras e sacristões. No
mais polémico dos carros aflorava uma figura sinistra com cara de padre
Frederico, rodeado de centenas de criancinhas cobertas de folhas de figueira.
Nas bermas das estradas não havia quem aplaudisse, mas eram inúmeras as pessoas
com cilícios autoflagelando-se com disciplinas de sete cordas. Damares erguia
os braços ao céu e ria de forma estridente e prolongada, isto é, às
gargalhadas, diabólicas gargalhadas.
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