sexta-feira, 24 de abril de 2020

PANDEMIA




   A propaganda fascista está a ganhar à História. Porquê? Basta fazer pesquisas no Google sobre o antes e o depois de 25 de Abril de 1974. Onde andam os documentários que expliquem com clareza as diferenças? E os memes? E os vídeos simples, directos, objectivos e claros? Em todo o lado tropeço com montagens truncadas de propaganda fascista e antidemocrática. Há uma incompetência atroz nos zeladores da democracia e da memória de Abril, uma incapacidade de chegar às pessoas com retratos, imagens, factos, que pagará um preço muito elevado num futuro próximo.
   Há um ano que reactivei a página de Facebook e, desde então, não me deixo de chocar todos os dias com tamanha incúria. Não pára de crescer o desfile de frases feitas, chavões, absolutas mentiras propagandeadas como se fossem verdades. As mesmas pessoas que dizem odiar a Coreia do Norte manifestam empatia pelo regime do Tarrafal, da PIDE, da censura prévia. Porquê? Que leva essas pessoas a dizerem tão mal da democracia ao mesmo tempo que dizem odiar ditadores?
   Um dos equívocos mais correntes é a falácia da corrupção. Crê-se que não havia corrupção antes da democracia, como se esta tivesse o exclusivo de políticos corruptos. Não há quem faça um vídeo simples, directo, claro, a demonstrar que a ditadura era a corrupção em si mesma? Qual o papel da Associação 25 de Abril? Que função desempenha nesta era de comunicação em rede?
   Encontrei no perfil de um ex-aluno uma montagem com o Dr. Soares a dizer, durante o período da troika, que nem nos tempos de Salazar viu tanta fome em Portugal. Em que falhámos? Aquelas afirmações, descontextualizadas e truncadas, servem para tudo, até para porem um homem que combateu a ditadura a elogiar o ditador. Há nisto uma amoralidade terrível. É preciso agir sobre isto com ferramentas comunicacionais igualmente eficazes. Eu não tenho os meios, mas deve haver quem tenha. Por amor à democracia e à liberdade, acordem e mexam-se. É que estão a perder a guerra. E o mais grave é parecer que nem estão a dar por isso.

A imagem ao alto reproduz um trecho de "A República" de Platão, que também vem sendo utilizado, imagine-se, como "elogio do Estado Novo". 

4 comentários:

Abraham Chevrolet disse...

A confusão histórica é uma constante dos tempos.Quem ler dois autores diferentes versando um só facto, acredita que embora falando do mesmo,as versões de modo nenhum encaixam quer em causas ou intervenientes,nem consequências.
Assim não acontece com a História recente,no caso, o 25 de Abril ! As pessoas estiveram lá e estão aqui.os presos pela PIDE falam contigo no café,as marcas dos tiros, dos morteiros e das minas da Guerra Colonial estão no teu corpo e no dos teus amigos! São coisas físicas,objectivas,reais !
Os paleios da direitalha são inconsequentes,vagos, desmanchados,nem para uma telenovela de 3ª categoria servem. O Governo do Passos Coelho fez mais pela Esquerda do que esta conseguiria em 5 campanhas eleitorais. Sem esquecer que o ridículo mata!

sonia disse...

Conforme Zygmund Baumann , o grande dilema que se abre aqui é o de que a balança entre segurança e liberdade não encontra uma média exata e, conseqüentemente, uma tende para cima enquanto outra tende para baixo. Segurança e liberdade nunca vêm na mesma proporção e por isso não podemos ter ambas ao mesmo tempo e na quantidade que quisermos.

Ainda acho a Democracia a melhor saída, embora seja uma droga...rsrsrs

sonia disse...

Conforme Zygmund Baumann há um conflito entre liberdade e segurança. Sempre que desejamos uma das duas temos que abrir mão da outra. O difícil é nos decidirmos qual em que proporção vamos gerenciar esse dilema!

Evandro disse...

Mesma coisa aqui no Brasil. Não. Aqui é bem pior. Os imbecis dizem odiar Coreia do Norte, Venezuela, Cuba. A falta de criatividade, por óbvio, é imensa. E hoje lutam abertamente pela intervenção militar e consequente ditadura. Um exército de zumbis. É nauseante