O que se passa com as pessoas? O que fizeram do espírito crítico com que se destrinça uma alegoria de uma confissão? As metáforas ainda têm lugar neste mundo? Não será o reality show em que vivemos inseridos nas redes sociais um campo minado que vem estreitando o espaço entre verdade e mentira? A realidade ainda existe? Porque são tão virais as fake news e tão desinteressantes os factos? A poesia alimenta-se mais de verdades ou de mentiras? Ser fingidor é o mesmo que ser prestidigitador? O que se passa com as pessoas?
5 comentários:
estudos recentes indicam que "as pessoas" são como "os mamutes" com a diferença que são mais pequenas, têm menos pelo - algumas nenhum - têm dentes mais pequenos, andam preferencialmente em duas patas, não têm tromba, e não estão ainda extintas, embora se esforcem nesse sentido, algo que os mamutes, já extintos, nunca fizeram, isto é, nunca tentaram extinguir-se. aliás uma teoria diz que foram as pessoas que extinguiram os mamutes, e agora, passado anos e anos de os terem alegadamente extinguido, sempre que encontram um congelado, as pessoas ficam esperançadas de os voltar a recriar em laboratório.
respondendo à questão: o que se passa com as pessoas? na verdade não sei, como deve ter reparado.
hum... "cancel hmbf"
No deserto…
… Os cães latem as opiniões insuflam-se.
Ou, para parafrasear um micróbio…
… Na ditadura o balão morria por falta de ar
na liberdade o balão morria por excesso dele
nos dois casos o poluente foi o balão.
Manda-os à ilha de lixo.
Ah, fiz-me engraçadinha e não respondi à pergunta. Não tenho a certeza. Mas decerto alguém já reparou que é mais bonitinho supor para apontar o dedo ao ar do que preencher a lacuna com demérito próprio. Saúde e força por aí.
Eu vou ser sincero, a dita alegoria soou-me a um post do Rentes de Carvalho. Pensei então que , depois da publicação de vários livros os autores sofressem do azedume das comparações. Há certas enzimas que literatura produz que o fígado não comporta. Saúde!
A dita alegoria é uma alegoria que foi interpretada literalmente. É uma alegoria das invejinhaa parvas que alimentam os génios autoproclamados do medíocre meio português. É só isso. O leitor agora que aplique a quem quiser e como quiser. Eu não vejo o rentes de carvalho ressabiado com o sucesso dos vizinhos, até porque escolheu bem o bairro e tem mais sucesso do que a maioria dos escritores portugueses poderá alguma vez almejar. O que está mal, quanto a mim, até começa antes, começa nessa perspectiva de sucesso (qual? O quê?) como motivação para o que quer que seja em matéria de produção artística. Mas para quê perder tempo com isso? Quanto a este post em concreto é um lamento à maneira do que o Bret Easton Ellis fez há tempos numa entrevista: o mundo virtual está a subverter a relação das pessoas com a linguagem, deixa de haver espaço para a metáfora porque é tudo interpretado literalmente. E é essa incapacidade de lidar com metáforas, parábolas, alegorias que leva a uma pessoalizaçao radical dos textos, como se tudo quanto se escreve tivesse que ser sobre alguém em concreto e não pudesse ter na sua origem um tipo ideal, abstracto. Temos cada vez menos capacidade de abstracção da realidade que conhecemos, a qual é ínfima relativamente à realidade ela mesma. É isso que entristece.
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