Esta noite sonhei que trabalhava numa agência de
publicidade. Andava muito agitado porque me tinham encomendado um anúncio a
tampões. Todos os anúncios a tampões que vi até hoje são como as cartas de
amor, ridículos, desde logo por serem quase sempre dobragens de anúncios
estrangeiros, o que torna até algo confrangedor reparar que os movimentos dos
lábios não batem com a língua. Compreendo que não seja fácil vender semelhante
produto, pelo que mergulhei num brainstorming exaustivo. Todas as ideias me
pareciam parvas, desde uma em que aparecia uma rapariga muito livre e jovial e
confiante e alegre a dizer qualquer coisa do tipo: deixa lá, se não servir para
baixo, mete nos ouvidos. As coisas que uma pessoa sonha, meu Deus. Felizmente o
sonho acabou bem, com um anúncio de sucesso inimaginável. Fiquei rico, comprei
uma casa com piscina e tudo. E até tinha cavalos. O anúncio era mais ou menos
isto: ao longo de semanas, rostos de raparigas diferentes apareciam a dizer
"Liberte a Joana Vasconcelos que existe dentro de si". Isto era o
teaser. Só depois, com toda a gente intrigada, questionando-se sobre que raio
seria aquilo, apareciam as mesmas raparigas a trazer ao nível do rosto um
tampão usado. Com um sorriso, largavam-no num baldinho ao lado da sanita em que
estavam sentadas. E, por fim, um travelling godardiano levava-nos do baldinho
ao famigerado lustre da artista portuguesa, pendurado no tecto da casa de
banho. Enfim, sonhos. O slogan final era: "Enquanto houver luz, há tampões
Vasconcelos".
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