segunda-feira, 21 de novembro de 2022

CANTOR ROMÂNTICO

 


Julio Iglesias Jr. apresentou a nova namorada ao mundo como se estivesse a inaugurar um beco sem saída. Só faltou o discurso marcante. Que teriam para dizer aquelas cabeças desmioladas? A mulher coberta por um pano e o tipo sorridente, prestes a exibir o novo troféu. Um busto? Uma lápide? Terá sido servido algum cocktail aos convidados, sintonizados no bruaá de espanto aquando do descerramento? Um cocktail espermicida à base de óvulos sem glúten, talvez. Não me fodam, acabei de ver uma vagina laboriosa a protestar contra a objectificação do clítoris, a coisificação das glândulas mamárias, os lábios enrolados no nó górdio da imbecilidade. Vivi Di Domenico apareceu coberta com um lençol, como se de um fantasma se tratasse. Não era? Isto pode sempre ficar pior. E a culpa não é da culpa que não tem culpa nenhuma de ser culpa. Glorifiquemos o pai e o filho e o espírito da coisa, dêmos as mãos num nó cego com tudo à vista, escancarado, demencial. Cegos são os cegonhos, flashes a bombear primeiras páginas, contas bancárias excitadas com likes, o insta ao rubro e mais este: olhem para a gaja que eu arranjei ali nos brasis, digam lá se não é uma brasa, quando sorri incendeia florestas e desmata amazónias e extermina o último dos derradeiros índios de uma tribo tenebrosa e inacessível. O pai do tipo era cantor romântico e as mulheres no Irão só querem destapar as fronhas, cabeleiras ao vento, sei lá, deixarem de ser bustos inaugurados por maridos idiotas. Ah, rede, que nos expões como nunca antes sonhámos ficar expostos, senhora que nos guardas no santuário da declinação, isto pode sempre ficar pior. Quando nem porcos com asas nos surpreenderem, talvez.