sábado, 13 de maio de 2023

ABENÇOADOS VÍCIOS

 
A nova lei anti-tabaco é deveras pró-vida. Estes, como os outros, fazem sua missão cuidarem de nós como nós jamais saberíamos cuidar. O proteccionismo, aliado a uma atitude paternalista que nem o nosso próprio pai ousaria ter, dão nestes cuidados continuados a que em tempos chamámos pidescos por não entendermos o bem que nos queriam. Portanto, nada de vender tabaco em cafés e restaurantes. Esses são lugares para vinho e aguardente, gorduras e açúcares. A concentração de tanta droga num só antro faz fessas casas de vício reinos do pecado. Por falar em vício, o do jogo, da raspadinha ao casino, traz saúde a alguém? Ah, pois claro, a saúde da Santa Casa. Sugiro um protocolo entre tabaqueiras e Santa Casa da Misericórdia como ponte diplomática a bem da paz social, com o perdão da Igreja poderia o fumador sentir-se em paz. Mas a perseguição ao fumador, que não vemos ao obeso (muito mais fácil de apanhar) nem ao viciado no jogo nem ao bêbado nem, e isso é que está mal, ao infeccioso paternalista, vai mais longe: nada de fumar ao ar livre junto a escolas e hospitais. Temo por mais esperas e atrasos, com médicos e enfermeiros impedidos da pausa para cigarrito nas traseiras dos centros de saúde. A deslocação obrigará a mais demoras, mas não interessa. É para a saúde de todos. Eu também estou muito preocupado com a saúde dos portugueses. Julgo que devia ser levado muito a sério o problema da saúde mental que afecta cada vez mais portugueses, por culpa de vidas frustradas, trabalhos esgotantes, carestia. Que tal proibir a infelicidade em recintos fechados como esses onde os trabalhadores aprendem a subjugar-se a trouco de ordenados miseráveis? Soubemos há dias que: "presidentes executivos já ganham 36 vezes mais do que os trabalhadores." Caramba, aqui está um verdadeiro problema de saúde pública. Uma lei anti-assimetrias, não há?

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