quinta-feira, 25 de maio de 2023

MARQUÊS

 
Mas é preciso lembrar as figuras tristes de Marcelo no mundial do Qatar, que fomos o país com mais políticos nas bancadas daqueles cemitérios? É preciso lembrar a "champions" em plena pandemia, a pompa e circunstância com que Primeiro-Ministro, Presidente da República e presidente da Federação de Futebol anunciaram a realização em Portugal da Liga dos Campeões? É preciso lembrar a cegueira generalizada e o facciosismo sempre que discutem bola? Será preciso lembrar que em 2021, 61% dos portugueses não leram um único livro? É claro que o jogo ganha à feira e que a bola ganha ao livro. É óbvio. Este país é dos grunhos da bola, dos burgessos dos futebóis, é definitivamente do circo que promove comentadores desportivos a deputados e deputados a comentadores desportivos. Querem lá as gentes saber de livros e de autógrafos e de escritores e de escrituras! O Ronaldo é um Deus a quem tudo se perdoa, a selecção é uma religião de fantasia, os clubes são escolas de jihadistas legitimados pelo poder. Dá jeito distrair as massas, e mesmo aqueles que se fazem passar por sóbrios atiram a prancha e vão na onda. Estavam à espera de quê, neste país? Claro que encerram a Feira do Livro, obviamente. Há que deixar passar os hunos com suas falanges de bárbaros. Para nada mais se fez o Marquês.

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