(...)
avanço eu,
e a penúria a que me reduzo
não me impede de ver e de estar cego,
vivo nos arrabaldes,
sitia-me o lixo
e o conluio
de alguém com o teu rosto
a exercer o poder discricionário
sobre a catástrofe
e tudo o que sufragas
com os teus dentes miúdos,
as tuas cenas,
os teus domésticos histerismos
de prima donna
que não sabe cantar,
as tuas birras,
os teus fuzilamentos,
a tua excitação
de instagram e facebook,
a tua superioridade de vilipêndio.
(...)
Amadeu Baptista, in Vendeta, Edições Mortas, 2019, pp. 40-41.
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