O discurso vicentino, imbuído como está de
toda uma cultura cómica popular, encerra em si uma multiplicidade de
manifestações nitidamente carnavalescas. Ao nível da palavra e do conceito.
Através do cómico, mas de um cómico satírico e burlesco, que se manifesta sob diversas maneiras, Gil Vicente contesta determinados aspectos de uma sociedade, contesta uma cultura oficial presente em toda a sua obra mas frequentemente invertida, insultada constantemente em muitas das suas peças. É um pôr em causa mas não uma negação, visto não se pretender destruir mas criticar, através da criação de uma duplicidade, os valores sociais estabelecidos. Gera-se a ambivalência, uma dupla imagem — mas invertida — da cultura oficial e por esta sustentada.
Constrói-se um discurso paralelo, louco porque totalmente contrário ao estabelecido, disparatado, parvo, por vezes sem-sentido, que inevitavelmente provoca o riso. Mas um riso carnavalesco, um riso que ao eclodir assume a essência do Carnaval por ser universal, representar a comunhão, a identificação, entre o autor, os actores e o público e ser um riso sarcástico, crítico, de julgamento, e simultaneamente alegre.
Maria
José da Silva Teles, Maria Leonor García da Cruz, Susana Marta Delgado
Pinheiro, in O Discurso Carnavalesco em Gil Vicente, apresentação de Fernando
António Baptista Pereira, GEC publicações, 1984, p. 129.
Através do cómico, mas de um cómico satírico e burlesco, que se manifesta sob diversas maneiras, Gil Vicente contesta determinados aspectos de uma sociedade, contesta uma cultura oficial presente em toda a sua obra mas frequentemente invertida, insultada constantemente em muitas das suas peças. É um pôr em causa mas não uma negação, visto não se pretender destruir mas criticar, através da criação de uma duplicidade, os valores sociais estabelecidos. Gera-se a ambivalência, uma dupla imagem — mas invertida — da cultura oficial e por esta sustentada.
Constrói-se um discurso paralelo, louco porque totalmente contrário ao estabelecido, disparatado, parvo, por vezes sem-sentido, que inevitavelmente provoca o riso. Mas um riso carnavalesco, um riso que ao eclodir assume a essência do Carnaval por ser universal, representar a comunhão, a identificação, entre o autor, os actores e o público e ser um riso sarcástico, crítico, de julgamento, e simultaneamente alegre.
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