ALEGRIA PERFEITA
Não lamento nada, nem
o peso nas costas, nem a
febre do caminho. Difícil
será abandonar o planeta
sem que o mal nos ronde,
mas nem isso amedronta.
Sigo o compasso dos pés,
a memória deixou de doer,
resta um fio a unir depois.
Nada a esquecer e, quando
lembro, deito fora o escuro,
o desejo de ter sido o que
não foi, esse brilho súbito
no centro do sono. Não será
isso a alegria perfeita, a
semente antes liberta?
Ana Marques Gastão, in Oníricas, Assírio & Alvim, Fevereiro de 2023, p. 58.
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