«Não devemos recusar a cultura moderna, devemos
apoderar-nos dela, para a negarmos. O intelectual revolucionário não pode ter
existência se não reconhecer a revolução cultural perante a qual nos
encontramos. Um intelectual criador não pode ser revolucionário apoiando
simplesmente a política de um partido, mesmo através de meios originais, mas
sim trabalhando, ao lado dos partidos, para a mudança necessária de todas as superestruturas
culturais. Do mesmo modo, aquilo que, em última instância, determina a
qualidade de intelectual burguês não é a origem social nem o conhecimento de
uma cultura —
ponto de partida comum da crítica e da criação; é o papel que desempenha na
produção das formas historicamente burguesas da cultura. Os autores com
opiniões políticas revolucionárias, quando a crítica literária burguesa os
felicita, deveriam procurar saber que erros cometeram.»
Guy Debord
[Paris, Junho de 1957]
Guy Debord (1931-1994), in “Relatório sobre a construção
das situações e sobre as condições da organização e da acção da tendência
situacionista internacional”, tradução de Júlio Henriques, Barco Bêbado, Outubro
de 2021, p. 30.
[Paris, Junho de 1957]
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