NOITE
ATORMENTADA, INSÓNIA
O
que estava unido
ou ligado dispersou-se, o que solto
estava
a tormenta o juntou
numa argola sólida e grisalha
que
gira junto ao chão.
Assim, o que temos ou cremos ter,
o
que somos ou cremos ser,
o amor o dispersa
e
coisas soltas, galhos, memórias idiotas,
partes de sonhos prestes a serem esquecidos
começam
a andar em círculos,
começam a andar e a sua ronda obsessiva
não
nos deixa dormir.
Versão de HMBF a partir do original
coligido por Marta Ferrari, in “Antología – La poesia del signo XX en
Argentina”, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis
García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 445. Poeta,
jornalista, tradutor, ensaísta, Daniel Samoilovich nasceu, a 5 de Julho de 1949,
em Buenos Aires. Estreou-se em livro com “Párpado” (1973), já depois de levar
alguns anos a trabalhar como jornalista. Esteve ligado a várias revistas e
jornais culturais, quer na Argentina, quer em Espanha. Traduziu, entre outros, Horácio
e Shakespeare. Director da revista “Diario de Poesía” entre 1986 e 2011, foi aí
um dos impulsionadores do objectivismo: «o objectivismo não tem a pretensão de
traduzir por palavras os objectos – tarefa quimicamente impossível -, mas sim a
intenção de criar com palavras artefactos que tenham a evidência e a
disponibilidade dos objectos».
ou ligado dispersou-se, o que solto
numa argola sólida e grisalha
Assim, o que temos ou cremos ter,
o amor o dispersa
partes de sonhos prestes a serem esquecidos
começam a andar e a sua ronda obsessiva
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