Uma vez fui com as filhas à Gulbenkian ver uma exposição do Pieter Hugo. A senhora que vendeu os bilhetes mostrou-se muito preocupada com as crianças, tive que a tranquilizar lembrando-lhe que eram minhas filhas. Se eu julgasse as imagens expostas desaconselháveis, não as levaria. Tenho dois livros no PNL. Leituras recomendadas para maiores de 18, dizem eles. Pois bem, há tempos uma amiga da minha mais nova andou a ler um deles, "A Festa dos Caçadores", para o apresentar à turma. Não só o apresentou, como sobre ele produziu os dois óleos abaixo reproduzidos. Chama-se Luz, a jovem pintora que daquele modo interpretou dois contos do livro referido. Ainda sem os 18 feitos, fintou a classificação do PNL e deu-me esta alegria. Vem isto a propósito por causa de classificações etárias com que nos vamos deparando. Para que idade é um texto, um quadro, uma peça, um filme? Quem o determina? Sob que critérios? Sempre me fez muita confusão estes tiques censórios com que eximimos os progenitores das suas responsabilidades. Cá em casa foram sempre o pai e a mãe a determinar o que as filhas menores podiam ou não ler, ver, ouvir. Era o que mais faltava serem esses burrocratas das classificações etárias a fazê-lo.
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