Escrevo como a água na praia
escreve a maré alta das nuvens negras
ou como o relâmpago
que clareia noites brancas de sonho
estranhamente silenciosa
o grilo adormecido ao sol
ou talvez o pássaro que protesta
entre os ramos da figueira
no bico das aves
terra que se alimenta da terra
e semeia e rega e floresce
para ser colhida pela língua
e na boca mastigada
do corpo ausente
e da voz inaudível
dos mortos que em mim perduram
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