“Experimental Jet Set, Trash and No Star”: Sonic Youth
Por falar em Sonic Youth, parece já ter sido há um século
que inúmeras bandas de rock português queriam imitá-los. Nas Caldas da Rainha,
em particular, havia um leque variado de t-shirts dos Sonic Youth a darem conta
do culto. Apesar de começarem a editar no início da década de 1980, foi na década
seguinte, empurrados pela onda grunge, que granjearam popularidade considerável
com o álbum “Dirty” (1992). Com produção de Butch Vig, o mesmo do megassucesso “Nevermind”
(1991), dos Nirvana, “Dirty” mostrava, paradoxalmente e sem prejuízo da
característica noise, uns Sonic Youth mais clean do que era hábito até então. O
ruído enquanto experiência musical, sob vozes frágeis e ritmos lentos, repetitivos,
pouco tinha que ver com as explosões enérgicas do grunge. Os Sonic Youth foram
sempre mais artísticos e inventivos, bem mais criativos do que o punk permitia
com as suas canções de protesto restringidas a três acordes. “Experimental Jet
Set, Trash and No Star” (1994) foi a resposta natural ao sucesso alcançado com “Dirty”,
ou seja, um álbum repleto de experiências sem necessidade de prestar provas a
ninguém, num diálogo intimista entre o ex-casal Thurston Moore e Kim Gordon. Politicamente
bartlebyano, se assim podemos dizê-lo, aborda temas tais como as questões de
género, a auto-obsessão, a ambição desmesurada nas sociedades de consumo, a
pressão da fama, etc. É, talvez, o melhor álbum da banda, a par de “Sister”
(1987), ao que parece inspirado na obra literária de Philip K. Dick.
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