segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

50 X 29

 


“Heart and Soul”: Joy Division
 
De todas essas bandas surgidas na segunda metade da década de 1970 e que se afirmaram, sobretudo, na década seguinte, os Joy Division ocupam um lugar cimeiro. Escusado será sublinhar a inusitada competência lírica de Ian Curtis, vocalista da quadrilha e personalidade conturbada a que o cineasta Anton Corbijn prestou a devida homenagem com um belíssimo filme intitulado “Control” (2007). Curtis suicidou-se com apenas 23 anos de idade. Se a música dos Joy Divison lhe deve muito, menos não ficará a dever ao baixo de Peter Hook. Tudo gira em torno daquelas 4 cordas. Há uns anos adquiri a integral da banda numa caixa com 4 CDs e um livro. Sempre que pego num daqueles CDs fico com vontade de voltar a ouvir todos. E não há uma única ocasião em que não me espante com a secção rítmica da banda, muito acima do que se ouve no punk rock daquele período. Talvez o timbre vocal de Curtis, o modo estranho de cantar, as letras negras, tenham contribuído para encontrar soluções diferentes das mais imediatistas que o punk cultivava. Certo é que ali aconteceu algo de surpreendentemente inovador e a salvo dos interesses artísticos de Andy Warhol (The Velvet Underground) ou do faro comercial de Malcolm McLaren (Sex Pistols). Talvez os Joy Divison tenham resultado de uma confluência dessas influências, oferecendo às sombras uma luminosidade e uma energia próprias.

Sem comentários: