“Heart and Soul”: Joy Division
De todas essas bandas surgidas na segunda metade da
década de 1970 e que se afirmaram, sobretudo, na década seguinte, os Joy
Division ocupam um lugar cimeiro. Escusado será sublinhar a inusitada competência
lírica de Ian Curtis, vocalista da quadrilha e personalidade conturbada a que o
cineasta Anton Corbijn prestou a devida homenagem com um belíssimo filme intitulado
“Control” (2007). Curtis suicidou-se com apenas 23 anos de idade. Se a música
dos Joy Divison lhe deve muito, menos não ficará a dever ao baixo de Peter
Hook. Tudo gira em torno daquelas 4 cordas. Há uns anos adquiri a integral da
banda numa caixa com 4 CDs e um livro. Sempre que pego num daqueles CDs fico
com vontade de voltar a ouvir todos. E não há uma única ocasião em que não me
espante com a secção rítmica da banda, muito acima do que se ouve no punk rock daquele
período. Talvez o timbre vocal de Curtis, o modo estranho de cantar, as letras
negras, tenham contribuído para encontrar soluções diferentes das mais
imediatistas que o punk cultivava. Certo é que ali aconteceu algo de surpreendentemente
inovador e a salvo dos interesses artísticos de Andy Warhol (The Velvet
Underground) ou do faro comercial de Malcolm McLaren (Sex Pistols). Talvez os
Joy Divison tenham resultado de uma confluência dessas influências, oferecendo
às sombras uma luminosidade e uma energia próprias.
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