sábado, 16 de junho de 2012

ALEGRIA, PURA ALEGRIA


Cacilhas, Almada. 2011.






Reprimir o desejo, não só o dos outros mas também o nosso, ser o chui dos outros e de nós mesmos — é isto que dá tesão, e isto é ideologia: é economia. O capitalismo recolhe e possui o poder dos fins e dos interesses (o poder) mas tem um amor desinteressado pelo poder absurdo e não possuído da máquina. Com certeza que não é para ele nem para os filhos que o capitalista trabalha, mas para a imortalidade do sistema. Uma violência sem sentido, alegria, pura alegria de se sentir uma peça da máquina, atravessado pelos fluxos, cortado pelas esquizes. Põe-se assim na posição em que se é atravessado, cortado, enrabado pelo socius, à procura do lugar onde, de acordo com os objectivos e com os interesses que nos são impostos, se sente passar algo que não tem nem interesse nem objectivo.



Fotografia: Jorge Aguiar Oliveira.
Texto: Gilles Deleuze / Félix Guattari