Pedro Passos Coelho achou por bem dirigir-se aos portugueses, através da sua página de Facebook, descendo ao nível dos mentirosos que juram pela saúde dos filhos: «Queria escrever-vos hoje, nesta página pessoal, não como Primeiro-Ministro mas como cidadão e como pai, para vos dizer apenas isto: esta história não acaba assim. Não baixaremos os braços até o trabalho estar feito, e nunca esqueceremos que os nossos filhos nos estão a ver, e que é por eles e para eles que continuaremos, hoje, amanhã e enquanto for necessário, a sacrificar tanto para recuperar um Portugal onde eles não precisarão de o fazer». Sei de gente como Passos Coelho, pelo menos em termos de estatuto, que gosta tanto dos filhos como eu gosto das pulgas do meu cão. Os consultórios deste país muito teriam a revelar, fosse o caso. Como é óbvio, não estou a colocar em causa o amor do primeiro-ministro relativamente aos seus herdeiros directos. O mesmo não me passou pela cabeça quando Relvas afirmou que queria chegar a casa e sentir que a sua filha estava orgulhosa do que o pai andava a fazer. Espero que a filha de Relvas ainda não tenha sufocado no próprio vómito. O que importa sublinhar é que Coelho está a transformar este país naquilo que ele já foi antes do 25 de Abril, um país onde os filhos de Passos Coelho não terão certamente as mesmas oportunidades que os meus filhos e a maioria dos filhos dos cidadãos portugueses. A ponto de, a breve trecho, ninguém poder jurar nada pelos filhos, pois quando o assunto é a sobrevivência tudo se hipoteca. Ora pense lá, Dr. Passos, quem poderá pensar em ter filhos hoje em dia? Mas que jovens casais poderão sequer sonhar com ter filhos hoje em dia? Onde arranjarão dinheiro para os criar, alimentar, vestir, para lhes comprar os manuais escolares e os manter na escola? Pedro Passos Coelho sugere aos jovens que emigrem ao mesmo tempo que se dirige aos portugueses enquanto pai. Isto já não é mera hipocrisia, é pura crueldade. Mais grave, é uma crueldade que não tem consciência de si própria. Eu não acredito que Pedro Passos Coelho seja sensível o suficiente para ter consciência do que anda a fazer, estou mesmo convencido de que se trata de um lunático. É por isso que estes episódios nunca me pareceram meros episódios, são reveladores do carácter de um homem:
10 comentários:
é isso, Henrique.
É isso e não é demais denunciá-lo!
O que não era demais, caríssimas, era uma carga de porrada valente num destes cretinos.
Enlouqueceu de vez..não está lá por minha causa não, quem votou nele que se amole...
Bricks and basebol bats... E, já agora, também era bom que se tentasse melhorar a situação sócio-económica do país para que quem anda por cá AGORA pudesse ter uma vida um bocadinho melhor e sem tantos sacrifícios... porque isto de deixar um país melhor para "os nossos filhos" tem muito que se lhe diga.
O homem é demente, traidor, autoritário, criminoso, crápula, cobarde , etc e etc, mas também é um caso mental. O lunático dele puxa o patológico, porque é a tal crueldade que escreves mas sem qualquer tipo de aderência. A meu ver aquele discurso só faria sentido numa ditadura militar e com presos de consciência. Ninguém engole aquilo, ninguém, maquilhem as noticias e as entrevistas de rua como quiserem. O óbvio está na obrigatória crónica de Pedro Marques Lopes hoje no DN ("quer-nos é pôr a trabalhar 18 horas por dia por uma côdea de pão"). Vai-se acabar o mito dos brandos costumes. Com fome e sem sustento não há cá brandos costumes.
Concordo muito com a Ana, que isto de deixar um país melhor para "os nossos filhos" é mesmo o paleio de bosta do desGoverno, chantagista, salazarista, dos 3Fs. Não há filho nenhum que queira ver os pais a passar pelo pior seja em nome de que/quem for. Os filhos só crescem saudáveis com pais saudáveis, leia-se, tranquilos.
Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos...
A questão é: O que fazer?
Já há uns anos atrás eu comentei aqui que não vejo outra solução do que parar, mas parar mesmo. A violência, como se vê na Grécia, não resolve nada. Agora o que é que o poder pode fazer a um País parado, não é um dia ou dois, não é um sector ou dois, é tudo mesmo por tempo indeterminado. Não seria nada fácil, mas esta merda que andamos a vegetar é?
Parar, recusar, "objectar".
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