É de facto possível que eu esteja a ficar doente, mas como
em todas as doenças convém fazer o diagnóstico, perceber a origem do problema,
atacar o vírus. Ando a tentar curar-me, desligo-me o mais possível do mundo à
minha volta, concentro-me na poesia, no cinema, na música, concentro-me nas
artes, o melhor de se ser humano, e na natureza. Pelos vistos não chega.
Perante mais uma notícia abjecta, que reitera o estado repugnante a que desceu
a justiça portuguesa, há conterrâneos que se entretêm a discutir a remota possibilidade
de Putin vir a ser Nobel da Paz. Assunto não nega assunto, óbvio. Porém, as
opções de cada um tornam claras as prioridades. Portugal já não se endireita, o
povo não está em sintonia, as suas prioridades dispersam-se por múltiplas preocupações
que dão em nada. Resta a doentes como eu fazer como a avestruz ou os três
macacos, na esperança que a doença fique, pelo menos, disfarçada. Exaltar-me
para quê? Indignar-me para quê? Agir para quê? Mas imaginem se Mandela, e todos os demais
mandelas anónimos tivessem pensado assim? 40 anos de democracia foram o
suficiente para termos esquecido o Tarrafal e aqueles que presos,
humilhados, torturados, pensaram de modo diferente. Para quê? Para que nós
possamos pensar assim, calando pacífica e letargicamente a nossa raiva.
Portanto, tomem lá poesia, tomem lá música, tomem lá cinema. Se não chegar,
arranjem um baralho de cartas. Motivos para festa não hão-de faltar.
2 comentários:
Estão a roubar o que o 25 de Abril prometeu.
Fosse um desgraçado e já tinha batido com os costados nos calabouços, nem que fosse por roubar uma côdea no LIDL!
Pois... Já "provei" da justiça Portuguesa e soube-me a amargo!
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