Morrer é não ir mais ao Império
encontrar alguém a horas tais
nem a Trás-os-Montes ver o Douro
verde.
Morrer é o fim do mar
do vento que venta em Belém
da rua do Ouro, de Chopin, de Sísifo,
de duas ou três noites que se supunham a salvo
porque vividas,
bem como de um olhar - memória -
tão silente que jamais se ouviu,
e da carícia de meu Pai, memória, também
nos meus cabelos, matinal.
Morrer é sempre antes dos amplexos
adiados para melhor depois
e dos poemas pubescentes no Além-Tejo.
Morrer é assim: no Campo Grande
fecha-se o piano sobre um Andante
Cantabile, anónimo e qualquer,
patético (que ele era cego, o pianista).
Morrer: Portas do Sol em plena aurora
agora.
Lisboa, primavera de 67
Sérgio Pachá
1 comentário:
Oh maravilha!
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