Que assim passemos a maior fatia do nosso tempo,
apascentando em manada frustrações e desenganos, não me inquieta. Há muito
perdi as ilusões que podia ter acerca da singularidade humana. No essencial,
somos bestas. Alinhamos em tendências e aceitamos mitos, não questionamos,
sobretudo não nos questionamos, integramo-nos no caudal corrente das ideias
feitas e sublinhamos com o tom de voz que nos coube os lugares comuns que fazem
história. O destino é igual para todos, é certo, e ainda que da vida cada qual
saiba retirar seus proveitos, no essencial andamos por aqui apenas a pastar
para sermos comidos. Há sempre alguém que trata do gado, entre o gado há
animais que se distinguem, mas no essencial, no essencial é tudo o mesmo. Desviamo-nos
da evidência com um discurso pífio sobre as novas gerações. Mais ou menos
carnes à mostra, mais tatuagem, menos tatuagem, a mesma bimbalhice. Foram-se os
góticos, os punks, os metálicos, foram-se até os tradicionais betos, agora é
tudo top, burgessos e grunhos da bola, miúdas ideais para reality shows e capa
de tablóide. Mais do mesmo, portanto. Mais do mesmo.
1 comentário:
Verdade!
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