A política aborrece-me cada vez mais, esta política de
intriga que entusiasma painéis de comentadores e atiça hostes em fúria. Convertida
num entretenimento como outro qualquer, um circo de palhaços todos de bem com a
vida, a política já nem pode ser transfigurada na grande porca. A grande porca tinha tetas e aleitava leitões. Isto agora é uma espécie de quintal de
cucos, todos a comerem os ovos uns aos outros, numa algaraviada sem sentido
onde se vislumbram penas de rancor por nenhuma cabeça trazer ao alto
a crista desejada. Sem paciência e enojado, afasto-me e desligo com o pior dos
sentimentos no olhar: pena. Pelos que precisam e não têm quem lhes acuda, nem
sequer têm quem com eles se preocupe. O mundo anda entretido com ninharias,
vaidades, presunções. O resultado vem ficando deveras explanado
neste ano des-iludido. Primeiro no Brasil, com o espectáculo deplorável do
impeachment. Juras a deus, cuspidelas, elogios à ditadura, de tudo se viu e
ouvir. Para quê? Entretanto, as eleições na maior potência do mundo estendem-se
no tempo como um tapete de porcaria. A escolha do melhor entre os piores não deixa sequer
opções. É tudo tão baixo e medíocre naquela gigantesca potência que da lição só
podemos concluir não haver entre anões e gigantes diferença que não seja os
maiores produzirem mais dejectos. Para quê acrescentar as derivas europeias, a
Rússia de Putin, a miséria desamparada dos refugiados, o terror sírio? Para
quê? De que nos vale? Política. Alguém que no tal Web Summit apresente uma aplicação
que varra do planeta toda essa gente instalada, merecerá o meu total,
incondicional, inquestionável aplauso.
Sem comentários:
Enviar um comentário