"Le silence est notre langue maternelle"
Samuel Beckett
A poesia esburaca o tecido da linguagem.
A escrita deserta perpétuamente do seu espaço.
Cada palavra que escolhemos é a renúncia de outra
que nos teria escolhido.
A verdade é apenas uma partilha de ilusões.
Há fronteiras interditas ao homem, há lugares
onde a vida e a morte trocam os seus atributos.
Homem-ponte, passo de uma memória a outra.
E se Deus fosse a sua própria vítima?
O homem criou o tempo para justificar a sua presença.
Para justificar a sua ausência, criou a eternidade.
Deus existe fora do esquecimento, fora da memória,
mas a ambos atravessa.
O silêncio é o encontro que a palavra recusa.
Quanto mais se ama, mais a gravitação diminui.
Anise Koltz (n. 12 de Junho de 1928, Eich, Luxembourg, in Cantos de Recusa, tradução colectiva (Mateus, Maio de 1993), revista e apresentada por Casimiro de Brito, Quetzal Editores, 1994.
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