São apenas obras literárias sofríveis assinadas por
extraordinários escritores de canções. Belos Vencidos e Tarântula foram
originalmente publicados em 1966, estão ambos editados em Portugal pela
Relógio D’Água, traduzidos por estimáveis poetas da minha geração. Margarida Vale
de Gato traduziu o livro de Leonard Cohen, Vasco Gato traduziu o livro de Bob
Dylan. É ainda curioso que ambos os tradutores tenham o mesmo apelido.
Demasiadas coincidências.
Do livro de Dylan podemos reter um desejo e o
reconhecimento das limitações que impedem o desejo de se concretizar: «gostaria
de fazer algo que valesse a pena como por exemplo plantar uma árvore no oceano
mas não passo de um guitarrista». Do romance de Cohen, igualmente experimental,
mas menos confuso, podemos guardar inesperadas identificações escatológicas em
forma de dúvida: «Por que me sinto eu tão reles quando acordo pela manhã? Especulando
se vou ou não ser capaz de cagar. O meu corpo vai funcionar? As minhas tripas
vão conseguir triturar? A velha máquina será capaz de transformar a comida em
merda castanha?»
Eis-nos perante os mais profundos dilemas de um homem.
2 comentários:
Já não visitava o Blog há muito tempo e reparo que continua soberbo.
Obrigado.
Obrigado.
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