terça-feira, 27 de dezembro de 2016

DEZEMBRO

Dezembro é o mais absurdo de todos os meses, mês de paz e confraternização celebrado com correrias, cansaço, stress, mês de reflexão desfeita em consumismo, toneladas de papel de embrulho para o lixo, pressas, filas, mês solidário no desperdício generalizado, mês de mesas fartas para pobres esquecidos. Sobre Dezembro paira uma nuvem de hipocrisia abençoada por bispos, padres e papas, celebra-se o nascimento de um mito com uma porca mitologia de abusos tolerados, exploração, ganância, desespero, mês de crianças obesas mergulhando num pântano de presentes inúteis, tantos deles produzidos por crianças subnutridas no outro lado do mundo, mês de merda enfeitado com presépios e árvores iluminadas. E lá no topo, a estrela das últimas notícias: venda de armas movimentou mais de 75 mil milhões de euros em todo o mundo. Enquanto neste lado do mundo, que dizemos civilizado, consentirmos dezembros destes, bem que podemos consolar-nos com restantes 11 meses de servidão. 

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