De vez em quando surge uma reportagem sobre as condições
desumanas do trabalho escravo que ainda hoje alimenta muita da indústria
ocidental. Seja em África ou na Ásia, na América Latina ou noutro lugar
qualquer, lá estão as criancinhas enterradas em lama ou fechadas em fábricas,
prostituindo-se nas ruas ou atravessando caminhos de cabras com sacos de muitos
Kg às costas. Estas reportagens aparecem e as pessoas mostram-se chocadas. Que
asco! Não sabem que trazem estas crianças nos pés? Não sabem que as trazem no
bolso? Não sabem que indústria se alimenta do trabalho dessas crianças? Claro
que sabem, mas não querem saber. Preferem não querer saber porque custa agir em
conformidade com a consciência. É muito mais confortável fazer-se despercebido.
Repare-se como estas mesmas pessoas de bom coração são tão complacentes para
com uma rede que lhes bloqueia a página se exibirem um nu, nada sucedendo se na
mesma página exibirem execuções de um qualquer grupo terrorista. Este é o mundo
em que vivemos: aos desamparados já nem vale a boa consciência dos protegidos, pois
a consciência destes foi assaltada por uma hipocrisia consentida e propagada.
Uma hipocrisia que é lei neste mundo de sensacionalismos bacocos e
manifestações inconsequentes de indignação geral. Quem quer saber dos escravos no Congo quando tem um filho em casa a reclamar por smartphones?
1 comentário:
Muito bem.
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