Tal como as sereias, as Yuki-Onna seduzem os homens pelo
canto. São jovens e belas, mas o seu mundo não é o fundo dos mares. Vivem no meio da neve. Integram o folclore japonês como muitas das nossas figuras
mitológicas. Vivem num limbo espiritual, são ambíguas, de natureza dúplice. Chegam a ter uma vida humana, mas sempre o apelo do
seu mundo original se revela mais forte. Acabam por desaparecer na neblina.
Renato Filipe Cardoso dedicou-lhes Yuki-Onna Blues (Douda Correria, Novembro de
2014). Em manhã de neblina, lembro-me de Yasiko Wing:
Yasiko Wing
tem uma cicatriz
no silêncio.
Quando sorri
rasgam-se pontos
prestações vincendas
de felicidade.
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