segunda-feira, 17 de julho de 2017

UM ESTUPOR MORAL CHAMADO GENTIL

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As afirmações de Gentil Martins sobre homossexualidade, que o médico equiparou ao sadomasoquismo e à tendência para a automutilação, são de uma violência e insensibilidade muito pouco cristã num católico praticante, e também irresponsáveis, tendo em conta o prestígio do cirurgião pediatra, mas quem as tentar rebater invocando a evidência científica descobrirá que se enfiou numa armadilha

Segundo a psiquiatria moderna, as afirmações de Gentil Martins estão desactualizadas há 44 anos, tomando por marco 1973, ano em que os psiquiatras norte-americanos deixaram de considerar a homossexualidade uma patologia. A classificação da homossexualidade como doença só trouxe sofrimento ao mundo, das terapias traumáticas e inúteis ao reforço de um estigma social ancestral. Quando se passou a considerar a homossexualidade apenas como uma das várias orientações sexuais possíveis de um espectro natural, aumentou o bem-estar dos homossexuais sem qualquer prejuízo para os restantes cidadãos.
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Mas seria insensato partir para uma discussão de contornos epistemológicos sobre o que é a evidência científica e como se gera consenso em ciência seria insensato, tendo em conta o nível do preconceito e os argumentos primários com que a posição do médico está a ser defendida nas redes sociais. Esta é uma conversa demasiado importante para ser iniciada por Gentil Martins ou o semanário Expresso, que o foi entrevistar sabendo perfeitamente a polémica estéril que iria gerar a custo zero, óptima para o tráfego online e a tiragem do jornal; enviar um repórter à Tchechénia para cobrir as perseguições aos homossexuais seria muito menos rentável

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No Ouriquense, aqui. O sublinhado é meu.

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