No decorrer de um ataque terrorista, um indivíduo armado
com uma faca dirige-se na tua direcção ameaçando decapitar-te. Ao teu lado, um
neonazi declarado predispõe-se ajudar-te combatendo o terrorista. O que farias?
Fingia uma cãibra e pedia um time out. Depois, valendo-me da minha lábia de vendedor de bíblias de porta-em-porta punha os dois a ler o "Cândido" e finalmente, e como não sou adepto nem de Voltaire nem de Leibniz, pegava na faca do indivíduo armado e ia fazer a barba a filósofos abelhudos.
Cá em casa as opiniões dividem-se: a Ana escudava-se no nazi, a Matilde aproveitava o momento em que os dois se matariam um ao outro para fugir, a Beatriz roubava a faca ao terrorista e mata os dois, o Basquiat ressona.
Nem filosófico, nem perigoso: uma pequena provocação para quem segue as notícias, nelas procurando validação para um qualquer sentido ético. Quantas vezes um homem dado à introspecção se confronta com a nudez de actos e pensamentos que cometeu e que colidem com gana contra o forte e austero edifício da sua integridade e sentido de justiça?
Não fujo à provocação, contudo, e como sou pedante deixo duas respostas: 1 - The Aluminum Group: Be Killed (era para ser um link para a canção mas a Internet está irremediavelmente perdida para o politicamente correcto.) 2 - Como bom aprendiz de chuntzu, ignoro sublimemente o instinto de sobrevivência e embrenho-me numa discussão metafísica sobre o Graal com o neonazi, deixando ao terrorista a dúvida sistemática sobre qual dos dois chacinar primeiro.
8 comentários:
Fingia uma cãibra e pedia um time out. Depois, valendo-me da minha lábia de vendedor de bíblias de porta-em-porta punha os dois a ler o "Cândido" e finalmente, e como não sou adepto nem de Voltaire nem de Leibniz, pegava na faca do indivíduo armado e ia fazer a barba a filósofos abelhudos.
fugia, tentando correr à frente dos dois...
Felizmente, não se vota com a faca apontada ao pescoço.
Cá em casa as opiniões dividem-se: a Ana escudava-se no nazi, a Matilde aproveitava o momento em que os dois se matariam um ao outro para fugir, a Beatriz roubava a faca ao terrorista e mata os dois, o Basquiat ressona.
Nem filosófico, nem perigoso: uma pequena provocação para quem segue as notícias, nelas procurando validação para um qualquer sentido ético.
Quantas vezes um homem dado à introspecção se confronta com a nudez de actos e pensamentos que cometeu e que colidem com gana contra o forte e austero edifício da sua integridade e sentido de justiça?
Não fujo à provocação, contudo, e como sou pedante deixo duas respostas:
1 - The Aluminum Group: Be Killed (era para ser um link para a canção mas a Internet está irremediavelmente perdida para o politicamente correcto.)
2 - Como bom aprendiz de chuntzu, ignoro sublimemente o instinto de sobrevivência e embrenho-me numa discussão metafísica sobre o Graal com o neonazi, deixando ao terrorista a dúvida sistemática sobre qual dos dois chacinar primeiro.
Cumprimentos.
Conclui-se que a filosofia pode ser um exercício doentio e que a Beatriz é a pessoa mais sensata e menos perigosa dessa casa...
Se o Marcelo e o Costa estivessem na área o mais provável seria virarem todos amigos de poker das quintas à noite.
Conversa, obviamente (demitindo-os :)
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