Quem goste de bola sabe que este ano será um ano diferente
de todos os outros. A razão para que assim seja justifica-se pela adopção do
vídeo-árbitro. Consiste este na possibilidade de decidir em tempo real sobre a
legalidade ou ilegalidade de um lance. Uns tipos numa cabine são pagos para assistir
ao jogo, analisando lances polémicos e comunicando ao árbitro de jogo os seus
veredictos. Noutros tempos, passávamos semanas inteiras a discutir as mesmas
imagens sem chegar a qualquer conclusão. Mesmo árbitros e ex-árbitros
manifestavam dúvidas e contradições na avaliação de certos lances. Agora há uns
especialistas que conseguem, por artes mágicas, decidir em segundos da legalidade
do que sem a sua interferência seria para sempre duvidoso. Não sou nem deixo de
ser adepto do vídeo-árbitro, é-me indiferente. Quem gosta desta inovação olha geralmente
para o futebol de fato e gravata, chamam-lhe indústria do futebol e
preocupam-se com uma suposta verdade desportiva como se ela não fosse há
muito um mito. Que verdade desportiva poderá haver quando um jogador de futebol
é transferido de clube por 220 milhões de euros? O espectáculo há muito que
deixou de ser o jogo em si, é o universo das apostas e a loucura das
transferências. Varrida para um canto, a verdade desportiva nada interessa. O
dinheiro comanda cada vez mais a existência desse desporto que deixou de ser
desporto para passar a ser mero negócio, com os seus empresários e comentadores
de fato e gravata. Uma nojeira.
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