O tempo às voltas em círculos
em vazios de apertos e ausências
a luz senão em linhas escuras
onde sombras se erguem e se retesam.
A morada esquecida da carne
tem outra existência neste lugar de fome
diante a lucidez que lhe suscita
um silêncio atrofiado de mínguas.
Um esfomeado que não volve
segue na órbita do instante
interminável nos dias sem comer
sob a pele deste momento
com outra pele que não acaba
senão envolta nos ossos com fome.
Ele revê todas as vírgulas dos segundos
dos órgãos e de tudo
com a força desnutrida
sonolenta no destino do seu corpo.
Cabo Mondego, 6 de Fevereiro, 2014
Piolho [revista de poesia], n.º 13, tema: fome, coord. Sílvia C. Silva, Meireles de Pinho, Fernando Guerreiro, A. Dasilva O., Black Sun editores/Edições Mortas, Março de 2014, p. 13.
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